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2 meses

Israel e Irã trocam ameaças após ataque com mísseis de Teerã

Mísseis interceptados no céu de Tel Aviv Imagem: Jack GUEZ / AFP

02/10/2024 08h37Atualizada em 02/10/2024 10h07

Israel bombardeou novamente, nesta quarta-feira (2), o sul de Beirute, um reduto do movimento pró-iraniano Hezbollah, e ameaçou Teerã com retaliação após o ataque com mísseis do dia anterior, ignorando os apelos internacionais para uma desescalada.

O Hezbollah anunciou pela manhã que confrontou soldados israelenses que tentaram se infiltrar no Líbano, um dia após o anúncio de Israel de incursões terrestres "limitadas" na fronteira libanesa.

O Exército libanês relatou uma breve incursão do Exército israelense no sul do país.

Israel e seu aliado Estados Unidos ameaçaram responder ao ataque lançado na terça-feira pelo Irã, que disparou cerca de 200 mísseis contra território israelense para vingar o assassinato dos líderes do movimento libanês Hezbollah e do Hamas palestino.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu o ataque iraniano como um "erro grave" e garantiu que Teerã "pagará" o preço da agressão que, segundo ele, buscou "matar milhares" de civis. "Quem nos ataca, nós atacamos de volta", alertou.

O chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohamad Baqeri, alertou que o Irã atacaria "com maior intensidade" e bombardearia "todas as infraestruturas" de Israel se fosse atacado em retaliação.

Na operação de terça-feira, batizada de "Promessa Honesta 2", o Irã usou mísseis hipersônicos pela primeira vez, segundo a imprensa iraniana. Teerã afirmou que 90% dos mísseis atingiram o alvo.

O ataque deixou duas pessoas levemente feridas em Israel, segundo os serviços de emergência, e matou um palestino na Cisjordânia ocupada, segundo uma autoridade palestina.

De acordo com o Exército israelense, um grande número de mísseis foi interceptado pelo escudo antimísseis. Sirenes de alerta soaram em todo Israel e o espaço aéreo foi fechado.

"Persona non grata"

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá urgentemente nesta quarta-feira para discutir a escalada das hostilidades na região.

Mas antes da reunião, Israel declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, "persona non grata" por não condenar "de forma inequívoca" o ataque balístico do Irã.

"Qualquer pessoa que seja incapaz de condenar de forma inequívoca o ataque de ódio do Irã a Israel não merece pisar em solo israelense. Este secretário-geral é contra Israel e apoia terroristas, estupradores e assassinos", disse o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, em comunicado.

A Itália, que detém a presidência rotativa do G7, também convocou para esta quarta-feira uma reunião remota dos líderes dos países da organização para falar sobre o Oriente Médio.

Os Estados Unidos, que ajudaram o seu aliado israelense a "derrubar os mísseis iranianos", disseram que querem "coordenar" com os israelenses uma resposta ao seu arqui-inimigo, o Irã.

"Os Estados Unidos apoiam totalmente, totalmente, totalmente Israel", declarou o presidente Joe Biden.

"Ficar de fora"

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse que seu país alertou as forças dos EUA "que deveriam ficar de fora deste assunto e não intervir".

Quanto a uma possível retaliação, o ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett defendeu a destruição do programa nuclear iraniano, aproveitando a situação aberta.

"Devemos agir agora para destruir o programa nuclear iraniano e as suas instalações centrais de energia, e desferir um golpe fatal neste regime terrorista", escreveu na sua conta X.

"Temos a justificativa. Temos as ferramentas. Agora que o Hezbollah e o Hamas estão paralisados, o Irã está exposto", enfatizou Bennett.

Paralelamente, o Exército de Israel voltou a bombardear nesta quarta-feira o sul de Beirute, reduto do Hezbollah, a milícia armada que abriu uma frente na fronteira com Israel em apoio ao seu aliado Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Ele também fez um novo apelo aos civis libaneses para evacuarem "imediatamente" mais de vinte localidades adicionais, incluindo acampamentos de refugiados palestinos ao redor da cidade de Tiro.

No Líbano, mais de mil pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde, desde as explosões dos dispositivos de comunicação do Hezbollah, nos dias 16 e 17 de setembro, atribuídas a Israel, e do início de bombardeios massivos contra redutos do movimento islamista.

Após meses de trocas de disparos transfronteiriças, o Exército de Israel intensificou a sua ofensiva no Líbano em meados de setembro, com o objetivo de enfraquecer o Hezbollah e permitir que milhares de israelenses do norte deslocados pelo conflito voltassem para casa.

Na manhã desta quarta-feira, o Exército israelense também anunciou que bombardeou três escolas na Faixa de Gaza, usadas pelo Hamas como centros de comando, segundo os militares.

Israel está em guerra com o Hamas em Gaza desde que o movimento islamista palestino lançou um ataque sem precedentes ao seu território em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.205 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Até agora, a ofensiva israelense deixou mais de 41.600 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.

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