Presidente francês anuncia o quarto governo do ano

O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou, nesta segunda-feira (23), seu quarto governo do ano, liderado pelo centrista François Bayrou, que espera desbloquear a crise política em um país onde as oposições de esquerda e extrema direita derrubaram seu antecessor.

No gabinete de Bayrou, os ex-primeiros-ministros Élisabeth Borne e o franco-espanhol Manuel Valls vão comandar, respectivamente, os ministérios da Educação e da França Ultramarina.

O ex-ministro do Interior Gérald Darmanin ocupará a pasta da Justiça, enquanto os ministros da Defesa, Sebastien Lecornu; das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot; e da Cultura, Rachida Dati, manterão os cargos.

Outro nome que permanecerá no cargo é o ministro do Interior, o conservador Bruno Retailleau, que prometeu travar uma luta ferrenha contra a imigração ilegal.

A França está mergulhada há meses em um bloqueio político, após as eleições antecipadas de julho, que dividiram a Câmara baixa do Parlamento em três grandes blocos.

Nas últimas semanas, a crise se centrou nas desavenças entre o Executivo e a oposição sobre os orçamentos da segunda economia da União Europeia para 2025, que ainda não puderam ser votados.

A tarefa difícil de elaborá-los, sob a pressão de importantes déficits fiscais, recairá sobre o banqueiro Éric Lombard, nomeado ministro da Economia.

"Emergência ecológica, emergência social, desenvolvimento das nossas empresas... Os desafios são inúmeros e nos obrigam a fazer frente ao nosso mal endêmico, o déficit, e seu impacto sobre a dívida", avaliou Lombard, durante uma cerimônia de transmissão de poderes.

"Estou muito orgulhoso da equipe que apresentamos esta noite", escreveu Bayrou no X, acrescentando que seu gabinete "experiente" teria como objetivo "reconstruir a confiança".

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Macron reunirá a equipe de Bayrou em 3 de janeiro para um primeiro Conselho de Ministros, informou a Presidência.

- "Apoio" da extrema direita -

A inclusão de dois ex-primeiros-ministros indica o desejo de Macron de ter um governo de peso, com uma estabilidade que lhe permita evitar o destino do anterior, liderado por Michel Barnier e alvo de uma moção de censura no começo de dezembro por uma inédita confluência das bancadas da esquerda e da extrema direita, críticas de seus projetos de orçamento austeros.

Bayrou, de 73 anos, esperava incorporar nomes da esquerda, direita e centro para evitar ter a mesma sorte de Barnier, mas sua equipe de 35 membros não inclui nenhum membro da coalizão de esquerda Nova Frente Popular.

Em declarações à emissora BFMTV após a apresentação de seu governo, Bayrou disse estar "convencido de que a ação que defini perante vocês e a equipe governamental farão com que não sejamos censurados".

Pouco antes do anúncio oficial do novo governo, o político de direita Xavier Bertrand, que se perfilava para chefiar o Ministério da Justiça, anunciou que não assumiria o cargo "devido à oposição" do partido da extrema direita Reagrupamento Nacional (RN).

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"Apesar das novas propostas [de Bayrou], me nego a participar de um governo da França formado com o apoio de Marine Le Pen", líder do RN, declarou Bertrand em um comunicado.

No entanto, em declarações à BFMTV, o primeiro-ministro negou qualquer "influência" do RN na composição do governo e explicou Bertrand tinha uma "abordagem" que considerou "violenta" e não correspondia à sua ideia para o cargo.

O novo premiê, líder do grupo centrista MoDem - aliado do partido de Macron -, foi nomeado em 13 de dezembro. Muitos já preveem que seu governo terá dificuldades para sobreviver.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, considerou no X que o novo Executivo é "uma provocação" e um governo de "extrema direita".

O porta-voz do RN, Jordan Bardella, considerou, por sua vez, que Bayrou tinha conseguido formar uma "coalizão do fracasso".

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© Agence France-Presse

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