Cristãos ortodoxos celebram um Natal sombrio em Gaza, devastada pela guerra

Os cristãos ortodoxos celebraram um Natal sombrio nesta terça-feira (7) na Faixa de Gaza, devastada pela guerra, com fiéis afirmando que não haveria presentes para as crianças nem alegria durante as festividades deste ano.

Na ricamente decorada Igreja de São Porfírio, no coração da Cidade de Gaza, enquanto os combates continuavam por todo o território palestino, cerca de uma dúzia de membros da comunidade cristã ortodoxa se reuniram para o serviço matutino anual.

Sentados em bancos de madeira, homens e mulheres idosos acompanharam o arcebispo Alexios de Tiberíades no acendimento de velas e nas orações por amigos e familiares, bem como pelo fim da guerra, que já dura 15 meses.

Cerca de 1.100 cristãos de diferentes denominações permanecem em Gaza em meio aos combates, desencadeados após o ataque do grupo islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.

"As festividades se limitam apenas a orações, sem presentes para as crianças, sem sinais de alegria para elas neste dia festivo", disse Ramez al Suri à AFP.

"Esperamos e pedimos a todos os países que ajudem a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza", acrescentou.

"Estamos em guerra há 15 meses e nós, da comunidade cristã, sempre pedimos paz. Todas as nossas orações são por amor e paz para todos e para que a guerra termine o mais rápido possível", destacou.

No pátio da igreja, parcialmente destruída em um bombardeio israelense em outubro de 2023, a devastação que afeta grande parte de Gaza é evidente nos prédios bombardeados ao redor.

De pé fora da igreja, Fuad Ayad comentou: "Acordamos com bombardeios, massacres, genocídios ou o martírio de algum cidadão".

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No ataque de 2023 que atingiu a igreja, 18 cristãos palestinos morreram, segundo o Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas.

"Hoje recebemos a festividade com alegria, mas uma alegria diminuída como cristãos", comentou Ayad, acrescentando que "a tristeza ainda está presente e domina tanto nas igrejas ocidentais quanto orientais, e dentro da comunidade palestina, seja ela muçulmana ou cristã".

Em 25 de dezembro, quando a Igreja Católica e outras igrejas celebraram o Natal, o papa Francisco pediu, em seu discurso anual, que "as armas se calem" em todo o mundo e apelou pela paz no Oriente Médio, Ucrânia e Sudão.

Também denunciou a "grave" situação humanitária em Gaza.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 causou a morte de 1.208 pessoas, a maioria civis, de acordo com um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Desde então, a ofensiva militar israelense provocou 45.885 mortes em Gaza, a maioria de civis, segundo números do Ministério da Saúde do território que a ONU considera confiáveis.

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© Agence France-Presse

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