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França e Charlie Hebdo relembram os ataques jihadistas de dez anos atrás

Presidente do conselho regional de Ile-de-France, Valerie Pecresse presta homenagem em frente ao supermercado Hypercacher em Paris, em 7 de janeiro de 2025, durante as comemorações dos 10 anos do ataque islâmico ao jornal satírico Charlie Hebdo e ao supermercado judeu Hypercacher . Imagem: Ludovic Marin / AFP

07/01/2025 08h23

As autoridades francesas e a revista Charlie Hebdo recordaram, nesta terça-feira (7), os ataques jihadistas que causaram uma dezena de mortes há dez anos, com um evento solene em Paris e uma edição especial do semanário satírico com novas caricaturas sobre religião. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, depositaram flores em conjunto em frente à antiga sede da revista, antes de observarem um minuto de silêncio. 

Na cerimônia foram divulgados os nomes das oito pessoas da redação que foram assassinadas em 7 de janeiro de 2015, quando dois irmãos franceses de origem argelina, Chérif e Said Kouachi, que haviam prestado juramento de fidelidade à Al-Qaeda, entraram com fuzis de assalto na sede do Charlie Hebdo.

Outras quatro pessoas morreram nesse périplo sangrento dos irmãos Koauchi, até que a polícia os localizou e matou nos arredores de Paris, dois dias depois. 

"A tristeza é a mesma, a comoção também", declarou o procurador-geral de Paris na época, François Molins, à rede de televisão France 2.

- "Inabalável!" -

Charlie Hebdo, desde então símbolo da luta pela liberdade de expressão, optou por usar o seu corrosivo senso de humor. 

Seus atuais dirigentes publicaram uma edição especial de 32 páginas, sob o lema "inabalável!", com o desenho de um leitor alegre sentado sobre um fuzil de assalto na capa.

Junto com a revista, nas bancas, vários jornais dedicaram a sua capa ao décimo aniversário do ataque: "Liberdade, Liberdade Charlie!", foi a manchete do Libération, enquanto o Le Figaro advertiu que a França ainda está "sob a ameaça islamista" dez anos depois.

- Ciclo de violência jihadista -

No ataque sem precedentes de 2015, que causou consternação global, morreram o seu icônico diretor, o cartunista Charb, assim como duas lendas francesas dos desenhos animados, Cabu e Wolinski.

Desde que o Charlie Hebdo publicou caricaturas do profeta Maomé em 2006, a revista viveu sob a ameaça islamista. 

A violência iniciada pelos irmãos Kouachi causou outras mortes ao longo de dois dias de terror e perseguição policial, entre 7 e 9 de janeiro de 2015. 

Um policial e quatro clientes judeus de um supermercado kosher foram mortos em outro ataque, realizado por outro amigo jihadista dos irmãos.

Pichações antissemitas apareceram nesta terça-feira nos arredores do supermercado.

Embora a França já tivesse sofrido ataques jihadistas durante décadas, a tragédia do Charlie Hebdo marcou simbolicamente o início de um ciclo particularmente mortal, com os ataques sangrentos de novembro de 2015 que causaram 130 mortes em Paris, principalmente na casa de shows Bataclan. 

Desde então houve outros ataques: em outubro de 2020, um professor do ensino médio que exibiu na aula a caricatura de Maomé do Charlie Hebdo, como parte de um exercício sobre liberdade de expressão, foi decapitado por um checheno.   

Um mês antes, em setembro de 2020, um homem de origem paquistanesa atacou duas pessoas com um facão em frente à antiga sede da revista.

O agressor pensou erroneamente que essas pessoas trabalhavam no Charlie Hebdo. O julgamento desse ataque começou nesta segunda-feira, e outras cinco pessoas também são acusadas, todas da mesma região rural do Paquistão. 

O ex-chefe do site Charlie Hebdo, Simon Fieschi, gravemente ferido no ataque, morreu em outubro do ano passado, aos 40 anos. 

O reitor da Grande Mesquita de Paris, Chems-eddine Hafiz, manifestou a sua "total solidariedade" às vítimas dos ataques, que "não podem de forma alguma ser justificados pelo islã", sublinhando o seu "compromisso inabalável com a liberdade de expressão".

O Charlie Hebdo continua publicando dezenas de milhares de exemplares semanalmente, embora a sua sede seja secreta e os seus cartunistas e jornalistas vivam sob medidas de segurança extraordinárias.

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© Agence France-Presse

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