Corina Machado é presa na Venezuela após protesto contra Maduro

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, foi presa nesta quinta-feira (9) após liderar um protesto contra a posse do presidente Nicolás Maduro, que acontece nesta sexta-feira.

Em cima de um veículo, vestida de branco e com uma bandeira venezuelana, Corina Machado, de 57 anos, reapareceu em público nesta quinta-feira pela primeira vez desde 28 de agosto, um mês após as eleições que a oposição afirma que Maduro "roubou" de seu candidato Edmundo González Urrutia.

Uma fonte próxima à dirigente relatou a prisão à AFP, pouco depois de ela sair em uma moto de uma manifestação no bairro de Chacao, em Caracas, que reuniu centenas de opositores.

Minutos antes de sua captura, sua equipe política denunciou na rede social X que Corina Machado "foi violentamente interceptada ao sair da concentração". A mensagem relata que efetivos "dispararam contra as motos" que faziam o seu transporte, sem dar maiores detalhes.

"Se algo acontecer comigo, a instrução é bastante clara [...] ninguém vai negociar a liberdade da Venezuela pela minha liberdade", disse ela no início desta semana em uma entrevista à AFP.

González Urrutia exigiu sua "libertação imediata", em publicação na rede social X. "Um aviso aos corpos de segurança que a sequestraram: não brinquem com fogo", acrescentou. O governo da Espanha, por sua vez, expressou "condenação total" à prisão.

- 'A Venezuela foi para as ruas' -

Durante a manifestação, Corina Machado afirmou que "hoje toda a Venezuela foi para as ruas" e cantou o hino nacional com os manifestantes. "Não temos medo!", repetiu, em coro com os presentes.

"Chegamos até aqui porque tivemos uma estratégia robusta", continuou. "A partir de hoje, estamos em uma nova fase. A Venezuela é livre, vamos continuar".

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Os chavistas também convocaram um ato paralelo para apoiar Maduro, que na sexta-feira assumirá seu controverso terceiro mandato consecutivo de seis anos, em meio a uma nova onda de prisões de opositores e líderes da sociedade civil que gerou condenação internacional. 

A cerimônia de posse presidencial está marcada para sexta-feira no Parlamento controlado pelo chavismo. González, que pediu asilo na Espanha em 8 de setembro após ser alvo de um mandado de prisão, declarou que deseja voltar à Venezuela para assumir o poder.

"Nos veremos muito em breve em Caracas, em liberdade", prometeu González em um evento na República Dominicana, última parada de um giro que anteriormente o levou à Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Panamá.

Seu próximo destino é incerto: González quer voar para a Venezuela e assumir o poder, mas o plano parece improvável.

As autoridades venezuelanas -- que oferecem 100 mil dólares (R$ 613 mil) por sua captura -- já advertiram que, se ele desembarcar no país, "será preso imediatamente" e seus acompanhantes internacionais tratados como "invasores".

- 'Deixarei minha pele!' -

As ruas de Caracas amanheceram tomadas por efetivos de segurança fortemente armados. Dezenas de policiais e agentes de inteligência foram mobilizados em pontos de encontro da oposição, onde os chavistas também montaram plataformas pomposas com música alta.

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O governo, que frequentemente denuncia planos dos Estados Unidos e da Colômbia para derrubar Maduro, anunciou ontem a captura de dois americanos -- "um funcionário de alto escalão do FBI" e "um funcionário de alto escalão militar" -- os quais vinculou a um golpe de Estado, o que Washington nega. 

A presença do público nas manifestações da oposição aumentou com o passar das horas, mas nem se compara com os grandes atos da campanha eleitoral: há medo desde a repressão brutal às manifestações que eclodiram após a proclamação da vitória de Maduro em julho, que teve como saldo 28 mortos, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos.

Milhares marcharam em todo o país. Opositoras e chavistas replicaram concentrações em outras cidades como Ciudad Guayana, San Cristóbal e Maracaibo.

"Pelos meus filhos, deixarei minha pele no asfalto, mas valerá à pena porque a Venezuela será livre", disse Rafael Castillo, de 70 anos.

A marcha chavista partiu do enorme complexo de favelas de Petare, com os presentes exibindo cartazes e bandeiras.

"O único presidente eleito neste país se chama Nicolás Maduro, o povo o elegeu, e o povo o apoia", disse à AFP Noeli Bolívar, de 28 anos.

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© Agence France-Presse

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