UE se une em apoio à Ucrânia e respalda plano de rearmamento do bloco

Os países da União Europeia (UE) se uniram nesta quinta-feira (6) em favor da Ucrânia e apoiaram um plano para o rearmamento do bloco, enquanto Kiev e Washington retomaram contato.

Os líderes da UE participaram de uma reunião de cúpula extraordinária em Bruxelas, que contou com a participação do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Estados Unidos e Ucrânia anunciaram para a próxima terça-feira uma nova rodada de diálogo na Arábia Saudita sobre um eventual processo de negociação para encerrar a guerra iniciada com a invasão da Rússia.

Em Bruxelas, os líderes da UE respaldaram um plano lançado nesta semana pela Comissão Europeia para mobilizar até 800 bilhões de euros para financiar o rearmamento do bloco, sem um prazo definido. "Estamos avançando decisivamente para uma Europa de defesa forte e mais soberana", disse o presidente do Conselho Europeu, Antônio Costa. Detalhes da proposta e de onde virá o dinheiro não foram divulgados.

Ao encerrar o encontro, o chefe de governo da Espanha, Pedro Sanchez, disse que estão sendo contemplados empréstimos da UE aos seus membros, mas ressaltou que eles "não serão suficientes".

- 'Não estamos sozinhos' -

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu em Bruxelas o apoio europeu ao seu país, após a suspensão da ajuda militar americana à Ucrânia: "Estamos muito agradecidos porque não estamos sozinhos."

Essa foi a primeira reunião de cúpula europeia após a discussão da semana passada na Casa Branca entre Zelensky e o presidente americano, Donald Trump. Esse encontro catastrófico galvanizou a decisão americana de suspender a ajuda militar à Ucrânia, um gesto que deixou os europeus diante da urgência de definir uma resposta conjunta.

Em mensagem publicada na rede social X, Zelensky anunciou que viajará à Arábia Saudita na próxima segunda-feira para uma reunião com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman. "Depois disso, minha equipe ficará naquele país para trabalhar com nossos parceiros americanos", acrescentou.

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Após a discussão pública com Trump na Casa Branca, Zelensky buscou retomar o contato e enviou uma carta a Trump. O enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que se tratou de um pedido de desculpas, e que a carta permitiu a retomada do contato.

Zelensky informou no X que discutiu com os líderes europeus "o fortalecimento das capacidades de defesa da Ucrânia e de toda a Europa", e que garantiu que as equipes do seu pais e dos Estados Unidos haviam "retomado o trabalho".

Em mensagem à nação, o presidente da França, Emmanuel Macron, havia traçado, na véspera, um panorama regional sombrio, e sugerido um "debate estratégico" sobre a proteção do continente com a ajuda do guarda-chuva nuclear francês. Segundo ele, a proposta gerou interesse hoje em Bruxelas . O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse que a ideia era "promissora".

- Preocupação europeia -

O cenário mudou radicalmente depois que Trump retornou ao poder, em janeiro, e iniciou conversas diretas com a Rússia sobre o fim do conflito entre ucranianos e russos. Os contatos excluem tanto os ucranianos quanto os europeus, que buscam um lugar na mesa de negociações.

Os europeus temem que os contatos entre os presidentes russo e americano forcem os ucranianos a fazer concessões territoriais para encerrar o conflito. Nesse contexto, os países do bloco buscam definir quais são as "garantias de segurança" que podem oferecer à Ucrânia no caso de um acordo que encerre o conflito com a Rússia.

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Macron sugeriu o envio de tropas à Ucrânia em caso de acordo de paz, para verificar o seu cumprimento. A Rússia reagiu com indignação ao discurso de Macron, que considerou uma "ameaça". Para o governo russo, o presidente francês quer "que a guerra continue".

Uma fonte do alto escalão do governo britânico anunciou nesta quinta-feira que o primeiro-ministro Keir Starmer mantém conversas com 20 países "interessados" em contribuir para a paz na Ucrânia.

Starmer e vários líderes europeus se reuniram com Zelensky em Londres no domingo, em uma demonstração pública de apoio após a discussão acalorada com Trump na Casa Branca.

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© Agence France-Presse

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