Rússia quer mais negociações com EUA sobre possível trégua na Ucrânia

O Kremlin anunciou, nesta sexta-feira (14), que o presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem a seu homólogo americano, Donald Trump, sobre a trégua temporária que os Estados Unidos propõem na Ucrânia e que espera novas conversas com Washington sobre o assunto. 

O presidente americano propôs um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, uma ideia abraçada por seu contraparte ucraniano, Volodimir Zelensky, que está sob pressão de Washington desde que Trump o repreendeu publicamente em fevereiro no Salão Oval. 

Donald Trump, que abraçou a maioria das propostas da Rússia, para desgosto de Kiev e da Europa, quer alcançar o fim das hostilidades o mais rápido possível. Porém, o presidente russo parece não estar de acordo, por considerar que suas tropas têm vantagem no terreno.

Nesse contexto, Putin recebeu na noite de quinta-feira o enviado dos EUA, Steve Witkoff, que lhe entregou uma mensagem de Trump. 

Depois disso, o presidente russo "transmitiu informações e instruções adicionais ao presidente Trump por meio de Witkoff", anunciou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na manhã desta sexta-feira, descrevendo-se como "cautelosamente otimista" em sua coletiva de imprensa diária. 

"Assim que o Sr. Witkoff fornecer todas as informações ao presidente Trump, determinaremos o momento para uma conversa" entre os dois líderes, acrescentou.

- "Assuntos importantes" por resolver -

Moscou exige a rendição da Ucrânia, que o país desista de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o reconhecimento do controle russo dos territórios ocupados. 

Putin não acredita em uma trégua temporária que, segundo ele, não resolveria as "causas profundas" do conflito. 

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"Concordamos com as propostas para acabar com as hostilidades, mas presumimos que esta trégua deve levar a uma paz duradoura e abordar as causas profundas desta crise", disse Putin nesta sexta-feira, mencionando "assuntos importantes" que ainda devem ser resolvidas.

No entanto, teve o cuidado de não rejeitar completamente a proposta de Donald Trump.

O presidente ucraniano denunciou as declarações "manipuladoras" de Putin, acusando-o de tentar "prolongar as coisas". 

"Vemos que é a Rússia que quer continuar sua agressão, continuar a guerra. A Ucrânia disse claramente 'sim' ao cessar-fogo", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiga, aos repórteres nesta sexta-feira. 

Embora tenha chamado os comentários de Putin de "muito promissores", Trump alertou que seria "muito decepcionante" se a Rússia rejeitasse seu plano.

"Eu adoraria vê-lo e conversar com ele", disse ele, "mas precisamos resolver a questão da trégua rapidamente", acrescentou, em referência ao presidente russo. 

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Desde sua primeira conversa por telefone em 12 de fevereiro, Trump e Putin concordaram em ajustar a relação bilateral após anos de hostilidade devido à ofensiva de Moscou na Ucrânia e expulsões de diplomatas das duas partes.

- Ataques noturnos -

No terreno, a situação continua evoluindo na região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, onde as forças de Kiev lançaram uma ofensiva surpresa em agosto do ano passado e reivindicaram o controle de 1.400 quilômetros quadrados. 

Kiev esperava usar o progresso como moeda de troca nas negociações com Moscou, que ocupa 20% de seu território. 

No entanto, nas últimas semanas, o Kremlin continuou recuperando terreno em Kursk e, nesta sexta-feira, o exército russo reivindicou a retomada da localidade de Goncharovka. 

A Rússia também continuou bombardeando a Ucrânia na noite de quinta-feira, como tem feito quase todas as noites desde que Putin ordenou que suas forças atacassem a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. 

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As forças ucranianas, que respondem com ataques de drones, disseram que atingiram à noite um depósito de mísseis na região da fronteira de Belgorod e duas estações de compressão de gás localizadas a centenas de quilômetros da linha de frente.

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© Agence France-Presse

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