Semana de Luta contra Violência do Estado debate segurança pública
Às vésperas de completar 23 anos do Massacre do Carandiru, que aconteceu em 2 de outubro de 1992, e diante das recentes chacinas ocorridas em Osasco, Barueri e Carapicuíba, na Grande São Paulo, movimentos sociais e coletivos autônomos promovem vários eventos para marcar a Semana de Luta contra Violência do Estado, na capital paulista, com a presença de especialistas e pessoas engajadas em temas sobre segurança pública, como o encarceramento e a desmilitarização da polícia. Nesta sexta-feira (2), está previsto um ato no Largo São Francisco, em memória aos mortos no Carandiru.
No último sábado (26), uma ação de solidariedade ao sumiço de 43 estudantes de Ayotzinapa, no México, ocorrido há um ano, ocupou parte da Avenida Paulista e deu início à Semana de Luta. Na segunda-feira (28), o Terminal Santo Amaro recebeu saraus, para ressaltar posição contrária à violência cometida pelo estado contra moradores da periferia.
A reforma da Polícia Militar foi discutida em debate aberto, na Praça Ramos, ontem (29). Túlio Viana, professor de direito da Universidade Federal de Minas Gerais, disse que a unificação das polícias civil e militar, na extinção de rivalidade entre ambas, pode acabar com a lógica da militarização e da guerra. Segundo ele, não existem inimigos a serem eliminados e, sim, uma sociedade a ser protegida. "É uma mudança difícil de mentalidade", afirmou.
"A pauta da desmilitarização da polícia é necessária, mas não é suficiente", disse Adriana Eiko, representante do Conselho Regional de Psicologia. Segundo ela, é preciso pensar, em meio a pautas progressistas, na superação do modelo "punitivista" em que vive o país. Além disso, Adriana acredita na necessidade de ruptura da hierarquização da polícia, a fim de que crimes de extermínio não sejam acobertados.
O ex-policial militar cearense Darlan Abrantes foi expulso da corporação por publicar e divulgar seu livro, em que critica o sistema das polícias militares e propõe a desmilitarização. "É uma polícia que não cabe mais na nossa sociedade. Não temos segurança pública, temos repressão pública", afirmou.
Na noite de hoje (30), a Casa Mafalda, na zona oeste da cidade, exibiu o filme Leite e Ferro, da diretora Claudia Priscilla, que trata da vida de mães encarceradas e mostra um pouco da rotina dessas mulheres com seus bebês dentro da prisão. Houve ainda um debate com a presença de uma preidiária que está atualmente no regime aberto e preferiu não se identificar.
Ela disse que é difícil para quem está do lado de fora da prisão encontrar um caminho para ajudar as pessoas encarceradas e um dos motivos, afirmou, é a falta de informação sobre as reais dificuldades pelas quais passam. Ela esteve presa por cinco anos. "Eu sou uma ponte entre o que realmente se passa lá dentro e o que está aqui fora", disse. Segundo ela, um produto de higiene pessoal aparentemente simples, como um absorvente, é algo que falta para as mulheres encarceradas, e isso faz com que se sintam humilhadas.
Editor Aécio Amado
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