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Assassinato de estudante na UnB reforça debate sobre feminicídio em Brasília

14/03/2016 20h17

Brasília - Estudantes da UnB fazem ato contra a violência, no Teatro de Arena, em homenagem à estudante do curso de Biologia, Louise Maria da Silva Ribeiro, morta pelo ex-namorado Vinícius Neres (Valter Campanato/Ag

Estudantes da UnB fazem ato contra a violência, no Teatro de Arena, e em homenagem à estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, morta pelo ex-namorado Vinícius NeresValter Campanato/Agência Brasil

Alunos, professores e servidores da Universidade de Brasília (UnB) realizaram hoje (14) ato em memória da estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, 20 anos, assassinada dentro da própria universidade na quinta-feira (10). O ex-namorado da jovem, Vinicius Neres, 19 anos, confessou autoria do crime e disse ter dopado a vítima com clorofórmio. A morte da estudante reforçou o debate sobre violência doméstica contra a mulher dentro da instituição de ensino.

Segundo o reitor da UnB, Ivan Camargo, a segurança e a iluminação da universidade serão reforçadas no período noturno para evitar novos crimes dentro da instituição. "Vamos aumentar as rondas na universidade no período noturno. No entanto, precisamos levar para sociedade o debate sobre a violência contra a mulher. Um terço das mulheres agredidas são vítimas de ciúme", afirmou o reitor. A estudante também foi homenageada com a plantação de um ipê rosa, no jardim central do Instituto de Biologia, onde cursava o quarto semestre.

Para a gerente de programas da ONU Mulher, Joana Chagas, o assassinato da jovem ressalta a necessidade de enfrentamento ao feminicídio. "Assassinato violento é histórico. É o fim de um ciclo de violência que pode ser prevenido. Se se reconhece que nossa sociedade é patriarcal, machista, se pode prevenir esse tipo de crime. O feminicídio é um problema da sociedade como um todo", argumentou Joana.

Brasília - Reitor da UnB, Ivan Marques Camargo, participa de ato contra a violência, em homenagem à estudante do curso de Biologia, Louise Maria da Silva Ribeiro, morta no último dia 10 (Valter Campanato/Agência Brasil)

O reitor da UnB, Ivan Marques Camargo, participou do ato em homenagem à estudante Louise Maria da Silva RibeiroValter Campanato/Agência Brasil

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países registrados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

Feminicídio

A estudante Louise Ribeiro foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, Neres a fez ingerir 200 ml do produto químico. O produto é tóxico e causa morte. Vinicius Neres prendeu os pés e as mãos da menina e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Ele levou o corpo da estudante no carro dela e a deixou na mata próxima à universidade. Na manhã do dia seguinte, Neres foi preso após confessar o crime.

Na mesma semana do assassinato da estudante, outra jovem foi assassinada em Brasília. Jane Carla Fernandes, que faria 21 anos hoje, foi baleada na testa e no peito por seu ex-namorado, Jhonatan Pereira Alves, inconformado com o término do namoro. Depois, ele teria cometido suicídio. Jane já havia registrado um boletim de ocorrência contra o ex-namorado por agressão, na Delegacia de Especial de Atendimento a Mulher (DEAM).

De acordo com a organização não governamental (ONG) Action Aid, a violência doméstica é responsável pela morte de cinco mulheres por hora no mundo. O dado faz parte do estudo global de crimes das Nações Unidas e indica um número estimado de 119 mulheres assassinadas diariamente por um parceiro ou parente.