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PT diz que prisão de Palocci foi eleitoral; para governistas medida era esperada

Iolando Lourenço e Luciano Nascimento - Repórteres da Agência Brasil

26/09/2016 17h19

Mesmo com o Congresso Nacional esvaziado por causa das eleições municipais, a prisão do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci repercutiu hoje (26) entre lideranças na Câmara dos Deputados. Para aliados do governo do presidente Michel Temer, a prisão já era esperada. Integrantes do PT criticaram a medida e consideram a detenção seletiva e de caráter eleitoral. Em nota, a bancada do PT na Câmara repudiou a decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável das ações da Operação Lava Jato na primeira instância, e autor do pedido de prisão preventiva de Palocci. Segundo a bancada, a prisão "comprova que integrantes da Lava Jato ignoram evidências robustas e não prosseguem investigações que levam a membros do governo Temer, buscando criminalizar sem provas o PT." O ex-ministro Antonio Palocci é suspeito de receber dinheiro da Odebrecht para beneficiar a construtora em contratos com o governo Arquivo/Antonio Cruz/ABr  Os deputados petistas classificaram as ações da Lava Jato de seletivas e de caráter eleitoral e também criticaram declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que, ontem (25), em discurso eleitoral em Ribeirão Preto, terra de Palocci, disse que ocorreriam novas ações da Lava Jato nesta semana. "A operação de hoje contra Palocci foi antecipada em discurso eleitoral pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que é filiado ao PSDB (...) Configurando claramente o uso eleitoral da Polícia Federal", acusou o PT. Em nota, Moraes disse que, desde que assumiu o cargo, a Polícia Federal vem tendo total apoio em suas operações. "Em quase todas as semanas, houve operação e que, certamente, continuariam nessa semana, na próxima e enquanto houver necessidade", disse o ministro no comunicado. Na semana passada, o também ex-ministro da Fazenda de governos do PT Guido Mantega foi preso da força-tarefa da Lava Jato. No entanto, Moro revogou a prisão temporária no mesmo dia, já que Mantega foi detido enquanto acompanhava sua mulher em um procedimento cirúrgico. "A Lava Jato consolida-se como instrumento do golpe e contra a democracia, o PT e os movimentos sociais", diz a nota divulgada pelo partido. Prisão esperada Já aliados do governo minimizaram as críticas à operação de hoje. Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a prisão de Palocci já era esperada. "A prisão dele era aguardada há muito tempo. Palocci é um dos principais homens de confiança de Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva], era quem fazia a interlocução entre o empresariado, o governo e o PT. Sabe muito. Podemos dizer que é um dos caixas-pretas do PT." O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), disse que a prisão de Palocci mostra que o PT priorizou seus próprios interesses enquanto esteve no poder. "O Ministério da Fazenda e Casa Civil foram abrigos para amigos e empresas relacionadas ao PT", comparou. Na avaliação de Pauderney, o PT deixou "um rastro de corrupção" como legado para o país após 13 anos na Presidência da República. "Ao governar para poucos, PT destruiu o país. O saldo é desemprego, recessão e inflação, males que assombram a população", acusou. Operação Omertá A prisão do ex-ministro ocorreu na manhã de hoje, durante a 35ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Omertá. Palocci foi preso em casa, na região dos Jardins, zona oeste da capital, e chegou às 9h à Superintendência da Polícia Federal em SP. Também foram cumpridas buscas em seu escritório. A suspeita é de que Palocci teria ligação com o comando da empreiteira Odebrecht, uma das principais do país. A operação investiga se o ex-ministro e outros envolvidos receberam dinheiro para beneficiar a construtora em contratos com o governo. Segundo a PF, as negociações envolviam a Medida Provisória 460/2009, que tratava de crédito-prêmio do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); aumento da linha de crédito da Odebrecht no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para um país africano, além de interferência em licitação da Petrobras para a aquisição de 21 navios-sonda para exploração do pré-sal.