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Rio: candidatos devem aprofundar propostas no segundo turno, dizem especialistas

Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil

30/09/2016 16h26

A dinâmica do primeiro turno, com um grande número de candidatos e regras rígidas nos debates, não permitiu que os concorrentes à prefeitura do Rio de Janeiro aprofundassem suas propostas para a cidade, segundo analistas ouvidos pela Agência Brasil. No segundo turno, com mais tempo, os adversários que continuarem na disputa poderão detalhar o que pretendem fazer, caso sejam eleitos. "Se prestar atenção ao que os candidatos têm falado, é interessante ver que não há muitas diferenças entre eles. Todos falam em turno único e horário integral nas escolas, mas como vão fazer? Vai haver recursos para isso? Do ponto de vista da mobilidade urbana, todas as propostas são muito lógicas, mas algumas coisas não estão sendo suficientemente faladas. Por exemplo, a integração tarifária e a integração modal. O bilhete único carioca tem que se expandir e ficar coerente com as mudanças que aconteceram nos ônibus, nos trens e no metrô", destacou a integrante da organização Rio Como Vamos Thereza Lobo. A entidade estuda questões políticas e sociais da cidade. A tarifa de integração entre o BRT e Linha 4 do metrô, recém-aberta à população para chegar à Barra da Tijuca, é de R$ 7, valor considerado alto pela maior parte dos usuários. Para o coordenador de Segurança Humana do Movimento Viva Rio, Ubiratan Ângelo, ex-comandante da Polícia Militar, outra questão pouco aprofundada no primeiro turno da disputa municipal no Rio foi a segurança pública, embora o assunto tenha sido recorrente em todas as campanhas. "É lamentável perceber que os nossos candidatos a prefeito não percebem o papel e a importância que tem o município na segurança pública. Ou não querem perceber e às vezes bravejam que segurança pública é uma questão do estado e não do município. Mas o ir e vir do cidadão, o lazer e a utilização do espaço público é papel do poder de polícia municipal. O espaço mal cuidado é utilizado para delitos, e o bem cuidado faz com que as pessoas alterem o seu comportamento. O papel do município é fundamental para evitar pequenos delitos", analisou o coronel reformado da PM. Desigualdade Já o coordenador da organização Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, destacou a necessidade de um plano de governo específico para as áreas favelizadas da cidade, onde vivem cerca de 20% dos cariocas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Pude perceber que houve uma grande preocupação no primeiro turno sobre a segurança e a mobilidade urbana. Mas um tema que faltou e deveria ser pauta número um de qualquer prefeito é um programa de governo voltado para a favela. A classe média e bairros nobres do Rio foram muito beneficiados pelas políticas públicas implementadas pelo atual prefeito, com obras grandiosas", comparou, referindo-se à gestão do prefeito Eduardo Paes. Segundo Costa, a prefeitura não podia ter se "dado ao luxo" de fazer grandes investimentos na cidade enquanto há crianças sem escola e bairros sem saneamento. "Esta será a grande cobrança do Rio de Paz a partir da próxima segunda-feira. Vamos procurar os candidatos e perguntar qual é o programa de governo para a favela. Vamos procurar os dois candidatos [que chegarem ao segundo turno] e perguntar se eles se comprometem, em 100 dias, a apresentar um cronograma, com metas e prazos, para a favela."