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Após 25 anos do fim da URSS, Cazaquistão comemora economia forte e estabilidade

Manuela Castro - Enviada Especial*

26/12/2016 18h00

Os arranha-céus fazem a capital Astana lembrar Dubai, mas a construção da cidade foi inspirada em BrasíliaReprodução / TV Brasil Após 25 anos do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o Cazaquistão, a última nação a se tornar independente, comemora estabilidade política e desenvolvimento econômico. O fim da URSS foi declarado oficialmente em 26 de dezembro de 1991, dez dias após a independência do Cazaquistão. A TV Brasil inicia hoje (26) uma série de reportagens em que apresenta a realidade atual do país, que se apoia em parcerias com as ex-repúblicas soviéticas por meio de acordos comerciais. A geografia do Cazaquistão ajudou: o território faz fronteira com os principais parceiros: Rússia, China, Quirguistão, Uzbequistão e Turcomenistão. Durante a conferência dos 25 anos de independência da república do Cazaquistão, realizada na capital Astana em novembro, o presidente da Câmara dos Deputados. Nurlan Nigmatulin, lembrou a situação crítica que a nação vivia. "Tínhamos uma economia instável, com milhares de desempregados. A abertura ao capitalismo foi a base para a reconstrução do país", afirma. O embaixador do Cazaquistão no Brasil, Kairat Sarzhanov, ressalta que o país fez questão de manter boa relação com as ex-repúblicas soviéticas. "As parcerias comerciais foram importantes para a estabilização da economia e posterior salto do PIB [Produto Interno Bruto, que é a soma dos bens e produtos produzidos em um país], que cresceu 16 vezes desde a independência, passando de 11 para 190 bilhões de dólares". O Cazaquistão é o maior país sem costa marítima do mundo e o nono maior do planeta. Com 2,7 milhões de quilômetros quadrados, é maior do que a Europa ocidental. Mas toda essa área é pouco habitada devido à presença de neve em boa parte do país, onde chega a fazer frio de 52 graus Celsius negativos. Com cerca de 17 milhões de habitantes, a média é de seis pessoas por quilômetro quadrado (km²) - o Brasil, mesmo com áreas pouco povoadas como a floresta amazônica, tem em média 23 habitantes por km². Mudança de capital Com a independência do Cazaquistão, foi tomada a decisão de mudar a capital de Amaty, que ficava na fronteira sul, para Astana, no centro do país. Quando foi escolhida para ser a capital, Astana tinha 300 mil habitantes. Hoje, a capital mais nova do mundo (declarada em 1997) tem um milhão de habitantes. Com arranha-céus imponentes e arquitetura futurista, Astana lembra Dubai, mas a inspiração da construção da cidade veio de Brasília. As avenidas largas, as quadras com prédios baixos, retangulares e a esplanada dos ministérios remetem à capital brasileira. Em 1997, seis anos depois da independência do pais, Astana foi declarada a capital do Cazaquistão. A torre Bayterek, no centro da capital, é um dos principais símbolos do país. Tem 97 metros de altura, em alusão ao ano da transferência da capital. No topo da torre, uma bola dourada de oito metros de diâmetro abriga uma escultura com a mão do presidente da república, Nursultan Nazarbayev, no cargo desde 1991.  Homenagens ao presidente são comuns no país. A torre Bayterek, no centro da capital, simboliza a transferência da capital do Cazaquistão para Astana, em 1997Reprodução TV Brasil Único presidente O palácio presidencial do Cazaquistão, na capital Astana, é ocupado desde 1997 por Nursultan Nazarbayev
Reprodução TV Brasil Desde a independência do Cazaquistão, há 25 anos, o presidente Nursultan Nazarbayev venceu todas as eleições presidenciais,  realizadas a cada cinco anos. Em 2015, foi reeleito com 98% dos votos. O estudante Roman Oichenko, Nazarbayev elogia o governante: "ele é preocupado com as questões sociais e tem foco na economia do país, que continua crescendo mesmo com a crise no resto do mundo". O advogado Yerzhan Auyezov diz que nem todos adoram o presidente. "Muita gente vota nele porque os candidatos da oposição são muito fracos". Observadores da ONU já acompanharam as eleições no país e chegaram à conclusão de que elas transcorrem dentro dos princípios democráticos e da legislação. Não há limite para reeleição no Cazaquistão e o atual presidente, com 76 anos, continua como o principal nome para os próximos mandatos. Economia em crescimento A exploração de minérios é a principal fonte de riqueza do país, que é líder mundial em reservas de cromo, o segundo maior em reservas de urânio e o quinto em prata. Mas é o petróleo que financia o desenvolvimento do país: o Cazaquistão ocupa o décimo segundo lugar em reservas, três posições acima do Brasil. Entre 1998 e 2008, o PIB do Cazaquistão aumentou em média 10% ao ano. É um dos raros casos de países que dobraram as riquezas em menos de dez anos. Mesmo com a crise econômica ao redor do mundo, nos últimos cinco anos o país cresceu em média 3% ao ano. De acordo com o presidente da Câmara dos Deputados do Cazaquistão, Nurlan Nigmatulin, o país é a maior e mais forte economia da Ásia Central. "O Cazaquistão é a primeira ex-República Soviética a pagar toda a dívida para o Fundo Monetário Internacional e está entre as cinquenta nações mais competitivas do mundo". Mas de olho nas tendências atuais, o Cazaquistão começa a mudar a estratégia: de grande produtor de petróleo para grande produtor de energia limpa. O vice-ministro de Relações Exteriores, Roman Vassilenko, explica que "o país trabalha para atingir, até 2050, a meta de produzir metade da energia de todo o país com recursos renováveis". O desenvolvimento econômico do Cazaquistão e da capital Astana é financiado principalmente pela produção de petróleoReprodução/ TV Brasil Na capital Astana, os primeiros sinais: está sendo construído um complexo de prédios sustentáveis que será a sede do maior evento do mundo sobre novas fontes de energia, entre junho e setembro do ano que vem. Cerca de 140 países e organizações internacionais devem enviar representantes à Expo 2017.  O Ministério de Minas e Energia e a empresa Itaipu representarão o Brasil no evento. O plano de crescimento econômico do Cazaquistão para os próximos anos inclui o desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Hoje elas representam 30% do PIB. O governo quer também privatizar todas as empresas públicas. *A repórter viajou ao Cazaquistão a convite do governo daquele país. A série de reportagens vai ao ar a partir de hoje (26) no Repórter Brasil, da TV Brasil, às 19h45.