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Bloco no Rio alerta foliões sobre abuso de álcool e uso de drogas no carnaval

Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil

28/01/2018 17h32

Nascido de uma atividade acadêmica, o bloco Alegria sem Ressaca realizou hoje (28), na Avenida Atlântica, em Copacabana, seu 15º desfile, cumprindo mais uma vez seu propósito de alertar a população para a prevenção ao abuso de álcool e ao uso de drogas nos dias de folia. Criado em 2004 pelo psiquiatra Jorge Jaber, o bloco este ano teve como madrinha Ellen de Lima, uma das cantoras dos anos dourados do rádio. O desfile atraiu cerca de 1 mil pessoas, entre eles profissionais de saúde, dependentes químicos em recuperação, familiares de dependentes, atletas e artistas. Do alto de um carro de som, os músicos tocaram marchinhas e sambas-enredo tradicionais para animar os foliões, quase todos usando camisetas do bloco que se define como "um serviço de utilidade pública divertido". Motivado pelo grande apoio que tem recebido ao longo dos anos de esportistas - Zico, Adílio e José Aldo, entre outros, já marcaram presença em edições anteriores - o Alegria sem Ressaca tem como lema o trocadilho "craque que é craque não usa crack". "O bloco tem por interesse divulgar a possibilidade de as pessoas serem felizes, terem uma vida saudável e boa, sem abusarem de drogas. É natural que no carnaval ocorra algum excesso com álcool, mas o abuso deve ser evitado", disse Jaber, que está à frente de uma clínica especializada no tratamento da dependência química. Ele lembrou que o uso de drogas e álcool é o principal fator causador de acidentes durante o carnaval e o que mais leva pessoas aos hospitais. "O estado do Rio e o país enfrentam uma grave crise na área de saúde. Portanto, levar muitos pacientes nessa época para os hospitais sobrecarrega um sistema que já está sofrendo muito", destacou o psiquiatra. Segundo ele, a proposta do bloco de usar o carnaval como atividade de prevenção ao uso de drogas foi apresentada em congressos de psiquiatria nos Estados Unidos e na Europa. Em relação ao crack, Jaber ressaltou que a droga, por ser muito barata, atinge com mais intensidade a população carente de recursos. A clínica que ele dirige está fazendo atualmente, em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um trabalho de prevenção ao uso de crack numa comunidade quilombola em Camorim, na zona oeste do Rio. Prestes a completar 80 anos, a cantora Ellen de Lima ficou feliz por ter sido escolhida este ano, pela primeira vez, madrinha do Alegria sem Ressaca. "A causa desse bloco é essencial. A gente vê tanta destruição de famílias pelo álcool e pelas drogas. O carnaval não necessita de bebida. É uma alegria que a gente deve divulgar", disse a cantora, que nos quatro dias de carnaval será, mais uma vez, uma das atrações do tradicional Baile da Cinelândia. Geise Ribeiro de Assunção, mãe de uma filha internada em tratamento contra a dependência química, era uma das participantes do bloco. "Muitas vezes a gente se engana, achando que a alegria vem de fora. Que ela vai estar naquilo que vou ingerir, cheirar, ou até naquela pessoa que está perto de mim. Na realidade, a alegria não é isso. Ela está dentro de nós. Mas para atingir isso é preciso um trabalho belíssimo como esse, de reforço da autoestima, que faz as pessoas enxergarem esse potencial de alegria que está dentro de cada um de nós", comentou. Outros 19 blocos desfilaram em diversos pontos do Rio de Janeiro neste domingo de sol pré-carnavalesco. Os que atraíram maior público foram o Me Esquece, no bairro do Jardim Botânico, o Volta, Alice, em Laranjeiras, e a banda Amigos da Barra, na Barra da Tijuca.