Quarto dia de protesto agrava falta de gasolina, ônibus e alimentos
A rotina de trabalho e estudo de milhões de brasileiros foi transtornada com a diminuição da frota de transporte público e forte impacto nos diversos serviços públicos, da limpeza urbana à segurança no quarto dia dos protestos dos caminhoneiros. Aeroportos racionam combustíveis e há riscos até para o fornecimento de água e luz. Aulas, atividades e viagens continuam sendo suspensas; hospitais reclamam da falta de medicamentos; supermercados da falta de alimentos; as linhas de montagem das indústrias param sem peças e até os animais - gado, aves e suínos, a chamada carga viva - passam fome retidos nas barreiras das estradas. As repartições decretam ponto facultativo, empresas suspendem jornadas. Sem estoques, os preços disparam: hoje a batata vale ouro. A população, irritada há meses com o mais sobe do que desce do preço da gasolina, começou a semana empenhando algum tipo de solidariedade ao movimento dos caminhoneiros - sentimento que deve mudar à medida que sumirem das prateleiras os bens de consumo. Eles avisaram na semana passada que se se mobilizariam para baixar, na marra, o valor do diesel e acabar com o que chamam, nos grupos fechados das redes sociais, de " palhaçada da Petrobras". Os avisos não ecoaram. A heterogeneidade do grupo - que envolve motoristas autônomos, mas também empresas transportadoras - levou alguns analistas a dizer que se trata de um locaute e não de uma greve. Locaute ou greve, o resultado de quatro dias de paralisação é o mesmo: a completa desorganização da vida social, que deixou "reféns", nas palavras do decano do STF, ministro Celso de Mello, o governo, o Congresso, governadores e prefeitos. À medida que aumentavam as filas de caminhões parados nas rodovias e de automóveis nos postos, as autoridades federais começaram a agir para tentar acabar com a paralisação. Os governadores, responsáveis pela cobrança de ICMS nos combustíveis, permaneceram quietos. Brasília pediu uma trégua que não foi aceita. A Petrobras, que chegou a aumentar o preço do diesel no dia em que a greve foi deflagrada, deu um desconto de 10% no diesel e congelou o preço por 15 dias. As ações da estatal despencaram na Bolsa, mas para os caminhoneiros não foi suficiente. Com cálculos que apresentam uma diferença de quase R$ 10 bilhões, governo e Congresso aceitaram diminuir os impostos federais sobre combustíveis, prometendo compensar o Tesouro Nacional com a reoneração da folha de pagamento de outros setores.Também não foi suficiente: os caminhoneiros exigem ver tudo publicado no Diário Oficial. Apoiando-se na Justiça - e ainda sem recorrer às forças de segurança - a Advocacia Geral da União (AGU) obteve dezenas de liminares para tentar desbloquear as estradas.
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