O governo do Azerbaijão (na confluência do Leste Europeu com o Sudoeste Asiático) propôs ampliar a cooperação técnica e econômica com o Brasil para comemorar não só os seus 100 anos de independência como também os 25 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. A disposição é impulsionar o comércio bilateral, que ainda é modesto, levando-se em conta as potencialidades dos dois lados. No ano passado, o Brasil exportou para o Azerbaijão US$ 172 milhões e importou apenas US$ 112 mil. Para o subsecretário geral do Itamaraty, Fernando Simas, o comércio entre os dois países tem grande viabilidade de crescimento. Um dos sinais desse potencial foi a venda de aviões comerciais da Embraer para a Azerbaijan Airlines, efetivada em 2014, no valor de US$ 180 milhões. Contudo, para continuar aumentando as exportações de outros produtos industriais e agrícolas, o Brasil precisa também importar mais daquele país asiático. "Podemos aprofundar ainda mais o nosso intercâmbio, inclusive com relação às exportações azerbaijanas para o Brasil", disse Simas.
Capoeira e jiu-jitsu
Seguindo o princípio de que o conhecimento mútuo ajuda a incrementar as relações comerciais, o embaixador do Azerbaijão, Elkhan Polukhov, disse que o Brasil já é muito admirado pela população de seu país, não só pelas conquistas no futebol mas também "pela maestria e arte de seus capoeiristas e pelos ídolos do jiu-jitsu brasileiro".
As artes marciais são uma verdadeira paixão no país. Há duas semanas, o Azerbaijão promoveu com sucesso um campeonato mundial de capoeira, ocorrido em sua capital Baku, onde alguns mestres brasileiros conquistaram medalhas. O mestre Pança, da Federação Goiana de Capoeira, ganhou o primeiro lugar. Polukhov acredita que a popularidade de brasileiros que se destacam no esporte e em outros setores ajudará a dinamizar o comércio bilateral. E disse que o bom relacionamento dos dois países pode ir muito além. Tanto assim que o Azerbaijão está oferecendo bolsas de estudo para brasileiros que se destacam em vários setores. Em contrapartida, o embaixador afirmou que o Azerbaijão deseja estar presente em áreas ligadas à cultura e à educação do Brasil. Informou, por exemplo, que seu país apoia a Escola Municipal Azerbaijão, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde os alunos aprendem informática com computadores doados pelo Azerbaijão. "Nessa escola há competição de pinturas e de jogos de xadrez com premiação para os vencedores. O Rio é cidade-irmã de Baku, a capital do Azerbaijão", afirmou. Elkhan Polukhov disse que, na medida do possível, o seu país busca repassar para o Brasil conhecimentos de wrestling, uma luta profissional muito popular no Azerbaijão. O país também traz ao Brasil, de vez em quando, profissionais e atletas que obtiveram sucesso nesse esporte. Além disso, o Azerbaijão tem muitos representantes nos campeonatos mundiais de xadrez e vários de seus atletas ganharam medalhas em Olimpíadas, na modalidade de levantamento de peso. Ele afirmou ainda que o Azerbaijão tem muito interesse em aproveitar as tecnologias em que o Brasil se destaca, como na área de agronegócios. Segundo o embaixador, o Brasil - com sua experiência em grandes safras agrícolas - poderia contribuir repassando conhecimentos tecnológicos no plantio de algodão, por exemplo. O Azerbaijão tem uma tradição de plantar apenas culturas orgânicas. De acordo com Polukhov, o que o país deseja é aproveitar a experiência brasileira sem abandonar a norma do país de só plantar produtos orgânicos. De acordo com o embaixador, se os empresários brasileiros desejarem investir no Azerbaijão "vão ter muitas oportunidades de negócios". Essas oportunidades, segundo ele, surgem em razão da combinação de uma boa infraestrutura de transporte, da mão de obra qualificada e da proximidade com mercados de grande porte como a China, da Índia e da Rússia.
História
As comemorações do 100º aniversário de indepedência têm um significado especial para o país: em 28 de maio de 1918, o Azerbaijão foi considerado a primeira nação democrática muçulmana do mundo. O país foi ocupado em 1920 pela antiga União Soviética e hoje o seu principal problema é a invasão do território pela Armênia. O total ocupado pela Armênia inclui o território de Nagorno Karabakh e mais sete regiões adjacentes. Juntas, elas equivalem a 20% do tamanho do Azerbaijão.
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