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Mercado reage com otimismo a resultado das eleições, dizem economistas

29/10/2018 14h19

A reação do mercado diante do resultado das eleições, com a vitória de Jair Bolsonaro, foi positiva, afirmaram hoje (29) especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Para o coordenador do Centro Macro Brasil da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas, Marcelo Kfoury, o mercado está vivendo uma espécie de "lua de mel" com a ascensão de Bolsonaro. Ele disse que o resultado não foi uma surpresa, "tanto que o câmbio já vinha oscilando para baixo, em torno dos US$ 3,60, e hoje chegou a empatar com a cotação da última sexta-feira". Em relação à bolsa de valores os negócios ganharam um pouco mais de impulso ancorados nesse "otimismo". O que surpreendeu, segundo o economista, foi o resultado divulgado nesta segunda-feira (29), do Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, que caiu em dois pontos, em outubro, passando para 94,1 pontos, o mais baixo desde setembro de 2017 (93,4 pontos), na terceira queda seguida. Kfoury  acredita na reversão, com a retomada do otimismo do setor e a possibilidade de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ainda no primeiro trimestre de 2019. Em sua análise, as atenções estarão muito voltadas daqui para a frente para a estratégia a ser usada pelo presidente eleito na obtenção de votos da maioria no Congresso Nacional para a aprovação de medidas importantes e de anseio do mercado como as reformas da previdência e do sistema tributário. "Ele pode ter uma pegada mais populista, atendendo interesses corporativos e usar a tática do toma lá da cá", disse o economista, demonstrando que todas as ações serão atentamente acompanhadas pelo mercado. "Por enquanto, há boa expectativa de que se prossiga na linha que já vinha sendo defendida pelo atual presidente. "Qualquer divergência vai ser analisada na lupa."

Linha ortodoxa

Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, o mercado demonstra a expectativa de que será mantida uma linha ortodoxa e mais liberal na condução da economia. "Uma linha como a que já vinha sendo adota nos últimos dois ano e que favorece a precificação dos ativos", afirmou. No entanto, o economista disse que há um compasso de espera quanto à real capacidade de se colocar em prática as medidas defendidas durante a campanha, bem como no discurso do futuro ministro da economia, Paulo Guedes. Para Campos Neto, ainda pairam incertezas em torno do apoio a ser conquistado pelo novo governo no Congresso Nacional com relação às mudanças pretendidas, tendo comoprioridade a reforma da previdência social. Outra missão assumida em campanha pelo presidente eleito, e que estará no radar do mercado, de acordo com o economista, é a promessa de um ajuste fiscal, visando reduzir o déficit público para que haja mais recursos destinados a investimentos. O economista justificou que, com base na agenda econômica proposta, o mercado acenou positivamente neste dia primeiro dia, após o resultado eleitoral, com a abertura dos negócios do Ibovespa em alta. Por volta das 11h30, o índice operava com alta de 1,4%. Já o dólar, iniciou o dia em queda, sendo comercializado a US$ 3,60. O valor da moeda norte-americana, na opinião do economista, não deve baixar muito além disso, em razão da falta de suporte no cenário econômico mundial.

Supermercadistas defendem menos impostos e cortes de gastos públicos

Em nota, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) manifestou a expectativa de que o novo governos desenvolva uma política alinhada a "fatores como geração de empregos, investimentos na qualidade da educação, diminuição da máquina pública e simplificação tributária". A entidade defendeu ainda medidas que estimulem a livre concorrência, a privatização e venda de propriedades imobiliárias da União bem como a "manutenção do tripé macroeconômico vigente (câmbio flexível, meta de inflação e meta fiscal); a criação de novo modelo de carteira de trabalho baseada em vínculos empregatícios fixos ou contratos individuais; permissão legal para a escolha entre sindicatos; redução de alíquotas de importação e de barreiras não-tarifárias; simplificação de abertura e fechamento de empresas em até 30 dias; e estímulo à gestão do espaço rural pelos produtores".