Prefeitura tenta tirar famílias de área de risco em barragem do Ceará
Cerca de 480 pessoas que vivem na área de impacto da barragem do açude Granjeiro, em Ubajara, no Ceará, ainda não deixaram suas casas. A barragem foi embargada provisoriamente pela Agência Nacional de Águas (ANA) na última quarta-feira (13) devido ao risco de rompimento da estrutura que comporta milhões de metros cúbicos de água. No sábado (16), a prefeitura anunciou que as 513 famílias que vivem no entorno da barragem precisam deixar a área.
Segundo o secretário de Assistência Social, Francisco Jairo Ferreira de Araújo, parte da estrutura foi reforçada com a colocação de 12 mil sacos de areia de 60 quilos. O objetivo é conter a erosão da barragem. De acordo com Araújo, o risco de um acidente é "mínimo", mas ele existe, e a prefeitura percorre a área hoje para convencer as famílias a sairem do local.
"Ainda há pessoas que resistem a deixar suas casas", disse o secretário à Agência Brasil, enquanto aguardava os ônibus que vão ajudar na evacuação temporária da área.
"O risco de rompimento é mínimo, mas como estamos abrindo um novo sangradouro para escoar parte da água e, assim, reduzir o nível d?água e a pressão sobre a barragem, qualquer possibilidade de uma inundação tem que ser levada em conta. Estamos tratando da segurança do povo e queremos evitar a todo custo uma tragédia como a de Brumadinho", acrescentou o secretário.
Parte das famílias que moram ao longo do Rio Jaburu e que deixaram suas casas estão alojadas em um abrigo do Santuário Mãe Rainha, mantido pela Igreja Católica. Outra parte preferiu ir para a casa de parentes. Ainda não há previsão de quando poderão retornar para casa.
O secretário afirmou que as famílias estão recebendo apoio psicológico e assistencial da prefeitura, que decretou estado de emergência e ponto facultativo na cidade e recebeu o apoio das prefeituras de Ibiapina e Tianguá, que disponibilizaram ambulâncias e carros de som.
A barragem do açude Granjeiro pertence à empresa Agroserra Companhia Agroindustrial Serra da Ibiapaba. Foi construída há cerca de 40 anos e, de acordo com o secretário de assistência social, não vinha recebendo manutenção adequada. Segundo a Agência Nacional das Águas, a empresa já havia sido autuada devido às condições da estrutura.
Técnicos da agência reguladora estão no local desde o final de semana, acompanhando a evolução e as medidas para resolver os problemas. A prefeitura de Ubajara não descarta acionar judicialmente os responsáveis pela Agrossera a fim de tentar reaver parte dos gastos com a evacuação e a recuperação da barragem.
Alerta
O alerta sobre o risco de rompimento da barragem devido à erosão do terreno foi feito por um morador da região que, durante o carnaval, gravou e divulgou um vídeo na internet exibindo uma cratera que se abriu em um trecho da parede da barragem. Imediatamente, a prefeitura, com a ajuda de outros órgãos e até de voluntários, começou a dispor os sacos de areia para reforçar a estrutura. No entanto, com a chuva dos últimos dias, o nível da água subiu e os técnicos da Defesa Civil passaram a temer que a pressão adicional rompesse o dique.
No vídeo que divulgou hoje nas redes sociais, o prefeito da cidade, Renê Vasconcelos, disse que a barragem está estável, mas não totalmente segura.
"Queremos trabalhar com uma margem de 0% de risco. A Defesa Civil e a ANA mantêm o aviso de evacuação, principalmente nos próximos dias. Como estamos concluindo este novo sangradouro auxiliar vai haver uma grande vazão no rio e pode ser que haja alguns pontos de alagamento. Queremos evitar qualquer dano. Por isso, é preciso obedecer as ordens da Agência Nacional das Águas e da Defesa Civil municipal para garantir a segurança da operação e do nosso povo".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.