Cinemateca lança projeto de recuperação de acervo do Canal 100
A Cinemateca Brasileira fez o lançamento do projeto de recuperação, catalogação e digitalização do acervo do Canal 100, nesta quarta-feira (27), em evento na sede da instituição. A iniciativa pretende resgatar essa parte do acervo da instituição, que é um dos maiores registros audiovisuais do futebol brasileiro.
"O Canal 100 é o maior acervo cinematográfico do futebol no país, cobrindo de maneira única o período de 1959 a 1986. Criado pelo cineasta Carlos Niemeyer em 1957, foi um cinejornal que revolucionou a cobertura esportiva e cultural no Brasil, tornando-se um marco na história audiovisual do país", divulgou a Cinemateca. Além do esporte, o Canal 100 abordava questões culturais e sociais do país e era exibido nos cinemas antes dos filmes.
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Niemeyer e sua equipe introduziram novas técnicas de filmagem, como o uso de câmeras em close-up e ângulos dinâmicos que aproximavam o público do que se passava em campo. Para a construção dessa narrativa audiovisual, a equipe contava com cinegrafistas como Francisco Torturra, Liercy de Oliveira, João Rocha e Pompilho Tostes. As partidas tinham ainda narrações de Cid Moreira e Corrêa Araújo.
Apoio
A captação de recursos para execução do projeto alcançou 40% de um custo total de R$ 22,7 milhões. Além do Instituto Cultural Vale, a Shell e o Itaú, o projeto do Canal 100 ainda precisa de apoiadores, pois prevê a análise, digitalização e difusão dos conteúdos para a população, além da modernização tecnológica do parque de preservação audiovisual da instituição.
"O acervo do Canal 100 ficou muito tempo guardado em função de todas as crises da Cinemateca e agora, então, nós estamos com o projeto no Pronac [Programa Nacional de Apoio à Cultura], e já conseguimos captar uma boa parte que nos permitiu iniciar esse processo de verificação do material", relatou Maria Dora Mourão, diretora geral da Cinemateca.
Em relação ao apoio da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Maria Dora disse que estão em um momento em que há diálogo, e isso é fundamental. "Quando há pessoas que dialogam e que lutam junto, isso nos dá um certo alívio e um otimismo. Acho que é importante manter o otimismo para que as coisas realmente aconteçam."
Dasafio
Algumas ações que fazem parte desse processo são duplicação fotoquímica de centenas de rolos de filmes para fins de preservação de longo prazo, digitalização de 30 horas de cinejornais e a aquisição de equipamentos que permitirão o acesso facilitado e gratuito ao conteúdo digitalizado, disponibilizado no Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca.
A diretora técnica da Cinemateca, Gabriela Sousa de Queiroz, afirmou que o desafio é entregar esse acervo devidamente catalogado, digitalizado e duplicado fotoquimicamente em 2026.
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Quero receber"O Canal 100 encerrou em 1986 e, em 2026, quando se comemora 40 anos das suas últimas edições, a gente vai devolvê-lo para a sociedade", estimou.
"Quando o acervo chega [à Cinemateca] em 2011, a gente tinha o indicativo de 65% a 70% de materiais com algum sinal de deterioração, de um universo de mais de 8 mil latas de filmes de 35 milímetros, mais ou menos 20 mil segmentos de notícias, não só futebol, mas coluna social, toda história política da segunda metade do século 20 no Brasil e no mundo, no contexto do golpe de 1964, as lutas pela redemocratização, todo o contexto de Guerra Fria", relatou sobre a riqueza do material e a importância de sua recuperação.
O projeto de recuperação terá ainda uma programação especial. Para 2026, ano da próxima Copa do Mundo, a instituição prevê uma grande mostra itinerante de filmes sobre futebol, incluindo trechos icônicos do Canal 100 e momentos da história do esporte como parte da cultura nacional.
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