Prisão vip de general contrasta com cana dura da ralé do golpe
Preso às vésperas do Natal num quartel da Vila Militar, no Rio de Janeiro, o general Braga Netto comerá o panetone que o diabo amassou. Foi recolhido a uma "Sala de Estado Maior". Coisa fina. Consiste num apartamento com banheiro privativo, roupas de cama e banho limpas, armário, televisão, geladeira e ar-condicionado. Terá um cardápio de oficial, com café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.
Braga Netto encontra-se num quartel submetido ao Comando Militar do Leste, que chefiou durante o governo de Michel Temer. Está, por assim dizer, em casa. Terá banhos de sol diários e prolongados. Com alguma camaradagem, circulará pelos corredores da unidade. Em caso de necessidade, terá atendimento médico e odontológico gratuito e imediato.
Em comparação com as acomodações fornecidas à ralé do 8 de janeiro, recolhida ao presídio brasiliense da Papuda e a carceragens estaduais, a hospedagem do general escancara uma das maiores iniquidades sociais do Brasil: a detenção vip.
No ano passado, o Supremo acabou com a prisão especial para quem tem diploma universitário. Mas sobrevive o direito à prisão com mordomias para delinquentes de determinadas castas. Entre eles os oficiais das Forças Armadas.
Se a prisão de Braga Netto fosse democratizada no Brasil, haveria mais gente na porta dos quarteis hoje do que houve nos acampamentos golpistas de 2022. O brasileiro pobre faria fila para reivindicar às Forças Armadas não um golpe de estado, mas o recolhimento perpétuo numa Sala de Estado Maior como a que abriga o general.
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