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Justiça anula sentença que devolvia cinco crianças à família na Bahia

Silvânia Mota da Silva chora ao falar dos cinco filhos que foram adotados contra a sua vontade, na Bahia  - Anderson Sotero/UOL - 31.out.2012
Silvânia Mota da Silva chora ao falar dos cinco filhos que foram adotados contra a sua vontade, na Bahia Imagem: Anderson Sotero/UOL - 31.out.2012

Em Campinas

27/05/2015 07h50

O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) anulou nesta terça-feira (26) a sentença do juiz Luís Roberto Cappio Pereira, da comarca de Monte Santo, no sertão baiano, que determinou, em novembro de 2012, que cinco crianças adotadas por famílias de Indaiatuba (SP) e Campinas (SP), em junho de 2011, voltassem à mãe biológica, Silvania Maria Mota Silva.

A decisão foi tomada após o julgamento dos dois recursos de apelação movidos pelas famílias e pelo Ministério Público. A alegação era de que Cappio foi parcial no julgamento do caso.

"Com a decisão, após a publicação do acórdão, as famílias paulistas poderão entrar com um novo pedido de adoção", diz nota oficial do Tribunal de Justiça da Bahia.

De acordo com o desembargador Gesivaldo Nascimento Britto, da 2ª Câmara Cível de Salvador (BA), relator do processo, a decisão foi unânime, mas ainda cabe recurso.

Advogada de duas das quatro famílias que adotaram as cinco crianças, Lenora Thais Steffen Todt disse que sua intenção é buscar uma "saída amigável" com Silvania. Ela pretende pedir a devolução imediata das crianças mesmo antes da reabertura do processo.

Para a advogada, a decisão dos desembargadores do TJ sinaliza que o juiz Luís Roberto Cappio Pereira ignorou pontos importantes do processo de adoção ao examiná-lo. Ela acha que Cappio deveria ter, por exemplo, ouvido os depoimentos das famílias, das próprias crianças e de psicólogos.

Histórico

O juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que em 2011 atuava em Monte Santo, determinou que as cinco crianças fossem tiradas do casal Silvania e Gerôncio. Ele tomou por base documentos apresentados pelo Conselho Tutelar de Monte Santo para alegar maus-tratos cometidos pela família.

Na ocasião, teve o aval do Ministério Público. Em novembro de 2012, o juiz Luiz Roberto Cappio, que atuava na comarca, determinou o retorno das crianças aos pais biológicos, o que aconteceu no dia 23 de dezembro.

No decorrer do processo, as famílias de Indaiatuba e Campinas chegaram a ser ligadas a um esquema de tráfico de crianças, com suposta participação do juiz Vítor Bizerra. As denúncias partiram do próprio juiz Cappio. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) chegou a ser aberta no Congresso para investigar o caso, mas nada foi comprovado.