"Só recebo doação de caixa 1", diz Cunha sobre seu nome em planilha da Odebrecht
O presidente da Câmara dos Deputados e primeiro político réu na Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), confirmou nesta quarta-feira (23), que pediu doações da empreiteira Odebrecht para seu partido, mas negou que tenha recebido recursos em sua própria campanha. "Só recebo doação de caixa 1", afirmou.
Em entrevista ao final de sessão na Câmara, Cunha disse que não viu a divulgação da planilha da empresa. "Não vi que planilha é, mas várias empresas fizeram doações que foram pedidas, certamente para a minha campanha não foi. Se eu pedi foi para o PMDB e alocada em outras campanhas, como já falei outras vezes. Então eu não sei o que é, mas é normal", disse.
"A Odebrecht doou para o PMDB em alguns momentos a meu pedido, para a campanha do Henrique (Eduardo Alves), enfim, para o PMDB e o partido distribuiu, não diretamente para a minha campanha, se eu bem recordo", completou
O peemedebista revelou que foram realizadas várias doações ao partido e negou que tenha ocorrido recurso de caixa 2. "Não temo absolutamente nada de ninguém", enfatizou.
Cunha riu quando foi questionado sobre seu apelido e disse não saber o significado de ser chamado de "Caranguejo" e disse que "quem apelidou é que tem que dizer". Segundo o presidente da Câmara, várias pessoas do PMDB se reuniram com representantes da empreiteira para discutir doações, mas ele não se lembra com quem.
Manobras
Sobre o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha disse que a cada hora que passa cresce o número de parlamentares favoráveis ao afastamento da petista. O peemedebista acredita que a divulgação da lista da empreiteira não deve interferir na opinião dos parlamentares sobre o impeachment.
Questionado sobre os pedidos de petistas para que seja feita nova notificação de Dilma e a recontagem de prazo para defesa na comissão processante, Cunha - que tenta agilizar o andamento do impeachment enquanto seus aliados manobram há mais de três meses para adiar o processo contra ele no Conselho de Ética - criticou o PT e disse que a sigla tem um discurso diferente da prática.
Para ele, os petistas agem de uma maneira na comissão do impeachment e de outra com ele. "Lá (na comissão do impeachment) eles querem tudo", reclamou. "O discurso do PT é um e a prática é outra, isso faz parte da cultura do PT em todos os sentidos."
O deputado voltou a defender que o seu partido deixe de continuar atrelado ao projeto de governo petista. "O PMDB tem que ter compromisso com o País e com aquilo que ele entende que é melhor para o País, não tem continuar atrelado ao projeto do PT, que grande parte do PMDB não apoia, não fez parte desse projeto, só serviu para dar apoio parlamentar", concluiu.
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