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Denunciados pelo MP, diretores da Bancoop renunciam

Condomínio Solaris, no Guarujá - Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Condomínio Solaris, no Guarujá Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Em São Paulo

29/03/2016 20h33

Alvo de denúncia do Ministério Público de São Paulo ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro escalão da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) renunciou. A debandada inclui os membros da diretoria e dois integrantes do Conselho Fiscal. Deixaram seus cargos o diretor presidente Vagner de Castro e a diretora administrativo-financeira Ana Maria Érnica, ambos acusados pela Promotoria da prática de 2.364 crimes de estelionato na gestão da cooperativa.

A acusação, levada à Justiça no dia 8 de março, alcançou 16 investigados, entre os quais Lula, a mulher dele, Marisa Letícia, o filho mais velho do casal Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, o ex-tesoureiro e ex-presidente da Bancoop João Vaccari Neto e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS – empresa que assumiu diversos empreendimentos que a Bancoop não finalizou, entre eles o Condomínio Solaris, no Guarujá, onde fica tríplex 164/A, supostamente de propriedade do ex-presidente – o que é negado por Lula e seus advogados.

A Promotoria acusa o petista por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A Promotoria requereu a prisão preventiva de Lula, mas a juíza da 4.ª Vara Criminal da Capital, mandou os autos para o juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O caso está nas mãos do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A renúncia do primeiro escalão da Bancoop deixou perplexos muitos cooperados. Eles temem que ocorrerá "em momento próximo" a dissolução extrajudicial da cooperativa que foi criada nos anos 1990 por um núcleo do PT.

Uma Assembleia Geral Extraordinária está sendo convocada, por edital a ser publicado nesta quarta-feira, 30, para o dia 19 de abril, ocasião em que deverá ser eleita nova diretoria para finalização dos mandatos até 18 de fevereiro de 2017.

A Bancoop foi alvo da Operação Triplo X, 22ª fase da Lava Jato, deflagrada em janeiro. Agentes da Polícia Federal fizeram buscas em um endereço da cooperativa no Centro de São Paulo em busca de documentos. A PF informou que essa etapa da investigação apurou a ocultação de patrimônio por meio do Condomínio Solaris, "havendo fundadas suspeitas de que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras".

A Polícia Federal incluiu o tríplex 164-A, que seria de Lula, no rol de imóveis com "alto grau de suspeita quanto à sua real titularidade".

Defesa

Os advogados Rubens de Oliveira e Rodrigo Carneiro Maia Bancieri, da Bancoop, esclarecem: "Vagner de Castro foi Diretor Presidente por sete anos e Ana Maria Ernica foi Diretora Administrativa Financeira por onze anos. Nesse ínterim cumpriram com lisura e dedicação o Acordo Judicial realizado em 20.05.2008 nos autos de ação civil pública de autoria do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Nesse contexto, contaram com a participação e apoio da imensa maioria dos cooperados para solucionar diversos problemas relacionados à cooperativa, tendo sido entregues cerca de 5.697 (cinco mil e seiscentas e noventa e sete) unidades habitacionais, restando apenas três empreendimentos em busca de solução.

Mesmo assim, membro do Ministério Público do Estado de São Paulo atribuiu, por mais de uma vez, aos acordos judicialmente homologados, incidência penal.

Assim, com o desígnio de não prejudicar as atividades da Bancoop, bem como voltar esforços às defesas técnicas, foram por nós, orientados a renunciarem."