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Promotoria diz que pegou "núcleo de lobistas" da fraude na merenda

Leonel Julio (segundo da direita para a esquerda), em foto de 2009 - Divulgação/Assembleia Legislativa de SP
Leonel Julio (segundo da direita para a esquerda), em foto de 2009 Imagem: Divulgação/Assembleia Legislativa de SP

Em São Paulo

29/03/2016 18h12

O Ministério Público de São Paulo informou que o alvo da nova fase da Operação Alba Branca é o núcleo de lobistas da organização criminosa que fraudava licitações da merenda escolar. Nesta terça-feira (29), foram presos sete investigados por ordem da Justiça de Bebedouro, município do interior paulista onde ficava instalada a cooperativa Coaf, base do grupo.

Quatro deles eram lobistas da organização que se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras paulistas – contratos da Secretaria da Educação do governo Alckmin (PSDB) também estavam na mira do grupo.

Entre os detidos desta terça, está o ex-presidente da Assembleia Legislativa Leonel Júlio, apontado como o principal integrante dessa ala de investigados da Alba Branca. Integrante do antigo MDB, o ex-deputado dirigiu a Casa em 1976, quando foi cassado pelo regime militar.

Também foi preso o agrônomo Carlos Eduardo da Silva que, segundo a Promotoria, é funcionário de carreira da Secretaria da Agricultura do Estado e, simultaneamente, ocupava cadeira na diretoria da cooperativa. Sua função era específica no grupo - cabia a ele encaminhar pedidos de liberação de verbas federais e estaduais para a cooperativa que, segundo a investigação, era apenas fachada para encobrir as atividades ilícitas na fraude de licitações da merenda.

"É um acinte", avalia o promotor de Justiça Leonardo Romanelli sobre a "dupla função" do agrônomo que era chefe da Casa da Agricultura de Monte Azul Paulista.

Os outros três lobistas que tiveram prisão decretada são Aluizio Girardia, Joaquim Geraldo Pereira da Silva e o presidente da União dos Vereadores do Estado Sebastião Misiara.

A Justiça de Bebedouro decretou a prisão temporária por cinco dias de todos os investigados da nova fase da Alba Branca.

Essa etapa não pega políticos com foro privilegiado, como o deputado Fernando Capez (PSDB), atual presidente da Assembleia Legislativa - o tucano já é alvo de investigação do Tribunal de Justiça do Estado, que em fevereiro ordenou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Capez. O parlamentar nega taxativamente ligação com o esquema descoberto na Alba Branca. O próprio tucano abriu mão do sigilo de seus dados.

Alba Branca aponta ainda para Luiz Roberto dos Santos, o 'Moita', ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin. Ele teria envolvimento com a organização.

"O pedido de prisão dos sete investigados dessa nova etapa da Operação Alba Branca foi apresentado pela Polícia Civil e o Ministério Público concordou", disse o promotor Romanelli.

O promotor destacou a existência de indícios contra os sete investigados, entre eles os quatro lobistas, a partir da análise de documentos apreendidos na etapa anterior da Alba Branca.