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Corregedoria investiga diálogo entre central e guarda que matou menino em perseguição

Mãe mostra foto de Waldik, morto pela Guarda Civil Metropolitana - Eduardo Anizelli - 26.jun.2016/Folhapress
Mãe mostra foto de Waldik, morto pela Guarda Civil Metropolitana Imagem: Eduardo Anizelli - 26.jun.2016/Folhapress

Em São Paulo

07/07/2016 08h45

Um diálogo gravado pela Central de Comunicação (Cetel) da Guarda Civil Metropolitana (GCM) chamou à atenção da Corregedoria da corporação e dos policiais civis que investigam a morte de um menino de 11 anos, em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, em 25 de junho, após uma perseguição. No fim da ocorrência, depois de o garoto ter sido baleado e socorrido, um guarda da Cetel, via rádio, pediu o número do celular dos GCMs que participaram da perseguição. O procedimento está fora dos padrões da Guarda Civil e é investigado.

O secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, afirmou que a ação dos guardas está sendo investigada do início ao fim pela Corregedoria da GCM. "O motivo desse pedido e o que foi conversado também é investigado", disse.

No âmbito criminal, o caso é apurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Os policiais estudam pedir à Justiça a quebra do sigilo telefônico dos guardas e intimar o GCM que pediu o número dos celulares para prestar depoimento.

Segundo os GCMs, o menino e dois amigos de 14 anos furtaram um Chevette prata para ir à uma quermesse. Eles foram vistos por um entregador de pizza que avisou os guardas que estavam em um carro em patrulhamento. O veículo foi localizado e começou uma perseguição no bairro.

O GCM Caio Muratori afirmou em depoimento que atirou quatro vezes contra o Chevette porque os ocupantes atiraram contra seu carro primeiro. Um tiro acertou um dos pneus do carro e o outro, a cabeça do menino. Muratori foi autuado em flagrante sob a acusação de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), pagou fiança e responde as acusações em liberdade.

Para a promotora Soraia Bicudo Simões Munhoz, não há até agora na investigação indícios que sustentem a versão de Muratori. "Não há indícios de tiros de dentro para fora do carro ocupado pelos garotos, a arma que teria sido usada por eles não apareceu e não há nenhuma prova que justifique a reação deles."

Sem aviso

Segundo a promotora, também chamou a atenção o comportamento dos GCMs durante a perseguição. "Durante o contato com a Cetel, eles não ligaram a sirene da viatura para perseguir o carro, não disseram à central que os ocupantes estavam atirando nem que eles mesmos revidaram. Quando foi constatado que o menino estava no carro baleado, eles também não avisaram. Quem fez isso foram os outros guardas que vieram no apoio", contou.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".