1º de Maio: trabalhadores esperam que Lula encare Congresso por reformas
Trabalhadores que foram hoje ao estádio do Corinthians, na zona leste de São Paulo, para o evento de 1º de maio com a participação do presidente Lula afirmam que ele precisa encarar o Congresso "mais conservador da história". O ato foi organizado por centrais sindicais aliadas do governo.
O que aconteceu
Pouco público e muitas bandeiras. Por volta das 12h, quando era previsto o discurso de Lula, o estacionamento da Neo Química Arena contava com bastante espaço. Havia muitas bandeiras das centrais sindicais.
Lula precisa enfrentar os parlamentares. "Infelizmente não temos muitos eleitos de esquerda. Então fica mais difícil votarem direitos para o povo", diz a professora Roseli de São Vicente, 51. "Mas esse é um embate que o Lula tem que saber lidar", conclui. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse na semana passada, em entrevista à GloboNews, que Lula precisa participar mais da articulação do governo com o Congresso.
Sem maioria na Câmara e Senado, Lula vira refém de "barganhas". "Enquanto o governo procura soluções, eles [parlamentares] procuram barrar tudo, e aí você tem que entrar naquela parte dos acordos, das barganhas, para que eles liberem", diz o professor Geraldo Costa, 61.
Se não soltar dinheiro, não der cargo, os caras não votam a favor daquilo que é importante.
Geraldo Costa, professor
Governo do PT chega ao Dia do Trabalho sem novos projetos. As principais iniciativas da gestão Lula para os trabalhadores foram anunciadas no feriado de 2023: a aprovação da lei que equipara salários de homens e mulheres no mesmo cargo, a correção do salário mínimo acima da inflação e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda.
Cobrança por reforma tributária. "Também precisa concluir a reforma tributária porque o pobre não pode ficar pagando mais imposto do que um milionário no Brasil, que até hoje isso acontece, né?", afirma o analista de TI Yuri Curi Soares, 25. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), entregou na semana passada no Congresso a primeira proposta para regulamentar a reforma tributária.
"Esse é o Congresso mais conservador da história", diz Soares. "[O Parlamento] é mais conservador que no tempo do Bolsonaro e do Temer", opina. O professor Costa concorda: "O Congresso dificulta porque, infelizmente, o pessoal do centro e da direita é a maioria, e eles legislam em causa própria."
Acho que a resistência do Congresso aos projetos do Lula é principalmente daquele Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara], que impede a evolução de muitas pautas que poderiam ajudar os trabalhadores.
Yuri Curi Soares, analista de TI
Para Costa, Lula precisa cumprir a promessa de rever a reforma previdenciária aprovada por Jair Bolsonaro (PL). "Você trabalha a sua vida inteira e para pra morrer", lamenta. "Precisa fazer um estudo, é longo prazo, não vai acontecer imediatamente, mas alguma coisa precisa ser feita pelo trabalhador."
Já Soares celebra a geração de empregos com carteira assinada. Ontem, o Ministério do Trabalho informou a criação de 244.315 vagas formais em março, quantidade superior ao do mesmo mês no ano passado.
Para a corretora Viviane Remiso, 42, o povo pode ajudar participando do 1º de Maio. "A gente está aqui, né? Todos juntos podemos fazer a diferença. A gente tem de se juntar, de lutar aqui fora e eles lá dentro, no Congresso."
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ministros do governo também marcaram presença. Cida Gonçalves (Mulheres) e Luiz Marinho (Trabalho) e o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) estão no ato.
O tema do ato das centrais sindicais para este ano é "Por um Brasil mais justo". "Destaca as pautas emprego decente, correção da tabela do Imposto de Renda, juros mais baixos, valorização do serviço e dos servidores e servidoras públicos, salário igual para trabalho igual e aposentadoria digna", afirmam. O evento é organizado pela CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, entre outros.
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