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'Quem abraçou Maluf pode tudo', diz Andres Sanchez sobre eleição na Câmara

O deputado Andres Sanchez, do PT de SP - Rodrigo Capote/UOL
O deputado Andres Sanchez, do PT de SP Imagem: Rodrigo Capote/UOL

Em Brasília

12/07/2016 07h45Atualizada em 12/07/2016 13h37

Pressionado por sua própria base, o PT recuou e desistiu de apoiar a candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. O partido avalizou Marcelo Castro (PMDB-PI), que também entrou na briga para ocupar a cadeira de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após a renúncia do deputado, atingido pela Operação Lava Jato.

Foi tensa a reunião da bancada do PT, nesta segunda-feira (11) para decidir o rumo do partido na sucessão de Cunha. De um lado, um grupo defendia o apoio a Maia - com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - e, de outro, uma ala pregava a adesão a Castro, que foi ministro da Saúde e votou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Havia, ainda, uma pequena ala que preferia a candidatura de Fernando Giacobo (PR-PR).

"Nitidamente, o apoio a Rodrigo Maia não é majoritário na bancada", resumiu o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA). O deputado Andres Sanchez (SP) saiu irritado da reunião, na sede do PT. "Falam aqui que não se pode apoiar candidato nem partido que ficou a favor do impeachment. Se for assim, não apoiamos ninguém. E, depois, quem abraçou Maluf pode tudo", afirmou ele, lembrando acordo fechado na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2012, entre o então candidato do PT, Fernando Haddad, e o deputado Paulo Maluf (PP-SP), inimigo dos petistas.

O encontro durou quase cinco horas e, ao final, ninguém mais escondia o racha. "Não precisamos caminhar numa camisa de força antes da hora. Vamos cercando as vírgulas", contemporizou o deputado Patrus Ananias (PT-MG), ex-ministro de Dilma.

A ideia de endossar Maia, um entusiasta do impeachment, tinha o objetivo de quebrar a hegemonia do "Centrão", bloco ligado a Cunha. A estratégia, porém, provocou forte reação de militantes do PT.

Composta por 58 deputados, a bancada vai agora procurar candidatos e partidos contrários ao que chama de "golpe", na tentativa de adotar posição comum na eleição que escolherá o presidente da Câmara, marcada para quarta-feira. O PC do B e o PDT, por exemplo, são dois partidos que se posicionaram contra o afastamento de Dilma. Apesar de divididas, porém, essas legendas se mostram hoje mais propensas a endossar Maia, em acordo que também passaria pelo PSDB do senador Aécio Neves (MG).

O PT vai propor, ainda, que a cassação de Cunha seja votada nesta semana, antes do recesso branco. "Se não for assim, a eleição será contaminada", disse o deputado Henrique Fontana (RS). As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".