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Janot recorre e quer nova prisão para Paulo Bernardo

O ex-ministro Paulo Bernardo nega as acusações - Dida Sampaio - 23.jun.2016/Estadão Conteúdo
O ex-ministro Paulo Bernardo nega as acusações Imagem: Dida Sampaio - 23.jun.2016/Estadão Conteúdo

Em Brasília

03/08/2016 13h36

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (2) contra a decisão do ministro Dias Toffoli de mandar soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, preso em junho na Operação Custo Brasil.

A operação investiga o pagamento de propinas no valor de R$ 102 milhões para funcionários públicos e agentes políticos, entre eles o próprio Paulo Bernardo.

Para Janot, caso a decisão de Toffoli não seja reconsiderada, o STF deve reformar a decisão para manter a prisão do ex-ministro. Para a Procuradoria Geral da República, a decisão de Toffoli "violou o devido processo legal, por ter indevidamente antecipado a liminar do habeas corpus contra o ato da Justiça de 1º grau, relembrando um caso recente do próprio ministro, similar ao de Paulo Bernardo, e para o qual não foi concedida a liberdade".

O procurador-geral argumenta que Toffoli reconheceu expressamente o descabimento da reclamação de Paulo Bernardo, mas, ainda assim, decidiu pela libertação.

Janot lembra ainda que Toffoli determinou a separação do inquérito, do qual é relator, em relação a todos que não possuem foro, caso de Paulo Bernardo.

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"Não custa repisar que o caso originário teve seu trâmite determinado pelo STF por sua composição plenária ao entender que a cisão era necessária. Portanto, o juízo natural a apurar as condutas dos não-detentores de prerrogativa de função é o juízo de primeiro grau que ordenou, fundamentadamente, além de outras providências, as prisões cautelares", sustenta.

Na manifestação, Janot aproveita para reiterar a legitimidade dos atos de investigação realizados durante a busca e apreensão no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann, esposa ex-ministro, questionados pela defesa, que argumenta que a busca foi ilegal, já que ela possui foro por prerrogativa de função, razão pela qual a autorização devia ser do STF.

Janot lembra que o Ministério Público Federal foi expressamente contrário a qualquer apreensão de bens da senadora, dirigindo-se exclusivamente a Paulo Bernardo. O procurador-geral aponta ainda que o próprio ex-ministro assinou o termo de consentimento de busca e apreensão.

Em 29 de junho, Toffoli concedeu o habeas corpus a Paulo Bernardo, apontando "constrangimento ilegal" com a prisão. O ex-ministro havia afirmado que a 6ª Vara Criminal Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro e em Lavagem de Valores de São Paulo usurpou a competência do STF para decretar sua prisão preventiva, por haver um inquérito contra ele na Suprema Corte, além do fato de suas condutas estarem "indissociavelmente ligadas" à Gleisi.

Paulo Bernardo foi preso, em 23 de junho, na Operação Custo Brasil, que apurou o pagamento de propina de mais de R$ 100 milhões para diversos funcionários públicos e agentes políticos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre os anos de 2010 e 2015, com o intuito de permitir que uma empresa de tecnologia fosse contratada para a gestão de crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos. A operação é um desdobramento da Lava Jato em São Paulo.

Ele ocupou a pasta do Planejamento entre 2005 e 2011 (governo Lula), mas continuou 'a receber sua parte', segundo as investigações, mesmo quando foi para o Ministério das Comunicações, entre 2012 e 2015 (governo Dilma)

A advogada Verônica Abdalla Sterman, que defende o ex-ministro, diz que o pedido de Janot "se limita a repetir os argumentos já analisados pelo Ministro Toffoli, claros no sentido de que não há indícios da participação de Paulo Bernardo nos fatos, muito menos da legalidade ou necessidade da prisão."