Oposição pede convocação de ministro da Justiça no Senado e na Câmara
Os deputados do PT Paulo Teixeira (SP) e Paulo Pimenta (RS) protocolaram nesta segunda-feira, 26, pedido de convocação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Requerimento semelhante também foi apresentado pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na CCJ do Senado. Os oposicionistas querem que o ministro explique a antecipação da informação de que haveria nesta semana uma nova fase da Operação Lava Jato.
Os parlamentares alegam que há seletividade na operação e uso político da Lava Jato. "O ministro da Justiça anunciou, durante um ato de campanha eleitoral, no interior de São Paulo, que haveria nova fase da Operação Lava Jato a ocorrer nesta última semana do processo eleitoral. Antecipar informação privilegiada e, sobretudo, sigilosa é um ato criminoso e demonstra a interferência do Ministério da Justiça nas operações", justificam os parlamentares no pedido. "A seletividade comprova que a Operação Lava Jato virou instrumento de luta política contra os adversários do governo Temer", completam.
Como revelou ontem o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, em evento de campanha de um aliado em Ribeirão Preto, cidade de Palocci, Moraes anunciou que haveria nova ação da PF nos próximos dias. "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim", disse o ministro em um evento de campanha do deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), candidato a prefeito no município paulista.
"Não bastasse o espetáculo do MPF há duas semanas e a ação da Polícia Federal contra o ex-ministro Guido Mantega na semana passada, agora mais esse escândalo, que comprova a interferência do governo na Lava Jato para tentar prejudicar o PT a poucos dias das eleições. O uso da Lava Jato com objetivo político remete aos piores períodos da nossa história, como na ditadura militar, em que as forças do Estado eram usadas para destruir reputações e prender pessoas que representassem um projeto contrário ao governo", disse Pimenta.
O líder da bancada do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), voltou a dizer que a ação mostra que as investigações se transformaram em instrumento político de perseguição ao partido e instrumento eleitoral do PSDB. Faltando poucos dias para as eleições municipais, Florence disse que a Lava Jato se transformou em "instrumento político-eleitoral do golpe".
Mais tarde, a bancada divulgou uma nota assinada por Florence onde afirma que a prisão de hoje comprova que "integrantes da Lava Jato ignoram evidências robustas e não prosseguem investigações que levam a membros do governo Temer, buscando criminalizar sem provas o PT". Para os petistas, ao antecipar os desdobramentos da operação no domicílio eleitoral de Palocci, o ministro fez uso eleitoral da Polícia Federal ao lado de um candidato tucano.
"É mais uma ação nitidamente eleitoral da Lava Jato, ocorrida a uma semana das eleições municipais. A prisão de Palocci ocorre num momento em que proliferam denúncias contra políticos do PMDB, do PSDB e de outros partidos da base de apoio ao governo golpista Temer. A Lava Jato cala-se e nada faz contra os políticos dessas agremiações. A Lava Jato consolida-se como instrumento do golpe e contra a democracia, o PT e os movimentos sociais", conclui a nota.
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