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Dez guardas-civis serão ouvidos sobre chacina de jovens em SP

Para Elisabete Sato (centro), não há um número fechado de suspeitos - Chello/FramePhoto/Estadão Conteúdo
Para Elisabete Sato (centro), não há um número fechado de suspeitos Imagem: Chello/FramePhoto/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

12/11/2016 09h17

A Polícia Civil de São Paulo busca parceiros do guarda-civil Rodrigo Gonçalves Oliveira, preso por participar do assassinato dos cinco jovens encontrados mortos em Mogi das Cruzes, no domingo. Dois guardas-civis de Santo André foram ouvidos ontem e há uma lista com outros dez nomes, que devem prestar depoimento na próxima semana no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A polícia ainda apura suposta adulteração da cena do crime e ação para tentar incriminar policiais militares.

Segundo a delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP, não há um número fechado de suspeitos de participação no crime. "Um homicídio múltiplo como esse é um quebra-cabeça de mil peças. Estamos começando a juntar."

Oliveira confessou ter sido o autor da armadilha que atraiu os jovens da zona leste para uma falsa festa em Ribeirão Pires. "Mas ele diz que a intenção era prender os rapazes quando eles chegassem. Ele conta que marcou com eles em uma frutaria na Avenida Rotary, em Ribeirão Pires, mas não apareceram. Então, ficou até as 5 horas na casa de uma mulher."

Para Elisabete, a história é "inverossímil". "Para prender uma pessoa, são necessários dois guardas. Para prender dois, quatro. Como ele iria prender cinco pessoas sozinho?" Oliveira, segundo a diretora, agiu para vingar a morte do colega Rodrigo Lopes Sabino, assassinado durante o roubo a seu carro, em 24 de setembro. A arma do guarda também foi levada na ação.

"Ele [o preso] disse que, no velório, vários colegas o procuraram para dizer que estavam à disposição para o que precisasse", disse Elisabete.

Assim, segundo a delegada, ele havia se sentido "na obrigação" de tomar uma atitude. O guarda-civil pertence a um grupo chamado Rondas Ostensivas Municipais (Romu), que tem uniformes semelhantes aos da Rota estadual. Era instrutor de tiros da corporação e já havia matado duas pessoas em atos de resistência seguida de morte.

Além disso, ainda conforme a delegada, ele tinha um perfil falso feminino no Facebook, com o nome Terezinha e imagem de "uma mulher de seios voluptuosos", de acordo com Elisabete, para fazer investigações criminais - o que não era sua função legal. "Ele falou que tinha se perdido e ido mais longe do que devia. Então, queimou o computador e o celular."

Oliveira chegou aos rapazes mortos quando o carro do colega Sabino foi localizado. Um informante lhe disse quem havia deixado o veículo. A ação para retirar o carro foi feita em caráter oficial: guardas-civis foram à cidade vizinha e preservaram o local para a Polícia Civil.

Um ponto da investigação ainda sem resposta é sobre a chegada dos rapazes até a armadilha. Segundo a delegada, o Santana que o grupo usava de fato estava quebrado. O veículo foi encontrado e guinchado no dia 23, dois dias depois do desaparecimento dos jovens.

Familiares das vítimas dizem que estão sendo ameaçados

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PM

O tenente-coronel Levi Felix, da Corregedoria da PM, afirmou que o local do crime foi adulterado antes da perícia. A Polícia Civil trabalha com a possibilidade de que as cápsulas de bala calibre .40 encontradas no local, que faziam parte de lotes da empresa CBC compradas pela PM, possam ter sido plantadas ali. O sitiante que primeiro localizou os corpos os encontrou no dia 29. Ele demorou dois dias para avisar seu patrão.

Quando PMs foram até o terreno pela primeira vez, sem o sitiante, voltaram para a base sem encontrar os corpos. Somente no segundo chamado, já com o homem para indicar o local exato, os corpos foram localizados. "Ele disse que, entre a primeira e a segunda vez, muita coisa havia mudado", afirmou a delegada.

O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, afirmou ontem que Oliveira pode ter "plantado" as cápsulas para incriminar os policiais. "Ele tinha acesso à munição", disse. A Corregedoria da PM destacou que os lotes das armas deveriam ter sido consumidos até 2013. O lote teve balas distribuídas por batalhões da zona leste da capital, para a Polícia Militar Rodoviária e para a Academia da PM.

Em nota, a prefeitura de Santo André informou que está colaborando com o DHPP, ao lado da Guarda Civil Municipal. E ressaltou que não compactua com ações ilegais.