Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal
"Vossa Excelência não acha que perdeu a imparcialidade nesse processo depois da foto com o Aécio Neves?", questionou o petista. Teixeira disse que a Casa tem compromisso no combate à corrupção. "Nós queremos um combate à corrupção republicano, respeitoso com a Constituição", afirmou.
Teixeira disse que o vazamento da interceptação telefônica da ex-presidente foi ilegal e que o ex-ministro Teori Zavascki condenou a quebra de sigilo. O deputado seguiu perguntando se "no contexto de um golpe parlamentar", se Moro queria "contribuir para a derrubada da presidente Dilma". Teixeira afirmou que a condução coercitiva de Lula poderia ter sido evitada se houvesse um ofício solicitando seu depoimento. Ele também criticou a condução coercitiva do jornalista Eduardo Guimarães. "Não aceitamos a corrupção da Constituição", finalizou.
Na mesma linha de embate, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) usou um tom provocativo e disse que talvez esteja ensinando Direito Penal errado para seus alunos, já que há "um direito construído na República de Curitiba" diferente do que é lecionado nas universidades. "Essa perplexidade é geral", comentou.
Damous saudou o juiz federal de São Paulo, Silvio Rocha, e disse que ele "é um dos muitos juízes que têm apego na Constituição e nos direitos e garantias individuais". "Nosso Direito está sendo simplesmente pulverizado em nome de um chamado bem maior", emendou. Na sequência, Damous perguntou se Moro participou de laboratório de interpretação com o ator Marcelo Serrado, que atua no filme em produção "A Lei É Para Todos". Serrado faz o papel de Moro no cinema.
Durante as perguntas, Moro evitou encarar os petistas. Ele ainda não respondeu às perguntas.
Dificuldade
Na audiência que analisa a reforma do Código de Processo Penal (CPP), Moro apontou algumas fragilidades que ao seu ver devem ser sanadas antes de sua aprovação.
Para Moro, um ponto a ser aprimorado é a proposta de criação da figura do juiz de garantias. "Tenho dúvidas se é algo que se justifique ou que vai trazer maiores complicações", afirmou.
O juiz explicou que a figura do juiz de garantias é proveniente do direito europeu no qual existe o juiz de instrução que é quase um superdelegado com atuação ativa. Segundo Moro, há uma diferença na atuação do juiz brasileiro e do europeu e que, na prática, a proposta sobre o juízo de garantias pode ser complicada porque vai obrigar a duplicação do número de juízes criminais nas comarcas.
Moro ainda apontou a necessidade do Congresso ficar atento a novas jurisprudências criadas no Supremo Tribunal Federal (STF), como a possibilidade de prisão após julgamento na segunda instância.
Outro ponto abordado foi sobre a nova redação das normas sobre a interceptação telefônicas. Para Moro, é necessário apontar a possibilidade de um limite temporal de interceptação maior que 120 dias em casos de Crimes permanentes e habituais.
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