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Sérgio Côrtes tentou acuar delator, diz Lava Jato

O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes é preso pela PF - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes é preso pela PF Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Julia Affonso e Fausto Macedo

São Paulo

11/04/2017 10h15Atualizada em 11/04/2017 17h35

A Operação Fatura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio, afirma que o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes (governo Sérgio Cabral), preso nesta terça-feira (11), tentou barrar a delação premiada de seu ex-subordinado Cesar Romero. O acordo de colaboração deu base à deflagração da Fatura Exposta.

Ao juiz federal Marcelo Bretas, a Procuradoria da República, no Rio, afirmou: "Sérgio Côrtes está embaraçando as presentes investigações, atuando para constranger o colaborador Cesar Romero a não celebrar acordo de colaboração premiada. Com efeito, a despeito das tentativas de Sérgio Côrtes, o citado acordo de colaboração premiada com César Romero foi firmado no dia 16 de março de 2017 e homologado judicialmente no dia 20 de março de 2017."

Segundo a Lava Jato, no Rio, "antes porém, foi precedido por negociações entre o Ministério Público Federal e o Colaborador que se iniciaram no dia 31 de janeiro de 2017, quando foi assinado Termo de Confidencialidade".

"Dias antes da efetiva assinatura do acordo de colaboração, o colaborador foi procurado em seu escritório pelo ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes que embaraçou as investigações e o curso da negociação da colaboração, quando pediu para que Cesar Romero combinasse com ele, Sérgio Côrtes, temas a serem incluídos em possível acordo", informou o Ministério Público Federal ao juiz Bretas.

"Além da gravação apresentada ao Ministério Público Federal, como prova dos fatos alegados, o colaborador Cesar Romero entregou imagens do circuito interno de vídeo de seu escritório de advocacia que comprovam que Sérgio Côrtes esteve, de fato, no local para embaraçar o acordo de colaboração que estava sendo entabulado com o Ministério Público Federal."

A investigação deflagrada nesta terça-feira mira em fraudes no fornecimento de próteses ao Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia). A PF informou que Sérgio Côrtes e os dois empresários serão indiciados por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Outro lado
 
A defesa de Sérgio Côrtes disse, por meio de nota, que o ex-secretário "tem todo interesse em elucidar os fatos atribuídos a ele e que, no momento oportuno, provará sua inocência". 
 
Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Rio de Janeiro orientou a reportagem a procurar a Secretária de Estado de Saúde. A Pasta também foi procurada, por telefone e por e-mail, sobre os contratos em vigor da empresa Oskar Iskin com o governo fluminense, mas ainda não se manifestou.
 
Por meio de nota, o Into informou que "todos os seus contratos são precedidos de licitação, conforme a legislação pertinente". O instituto também disse está à disposição para esclarecimentos que forem solicitados pela investigação e tomará as medidas cabíveis, quando tiver acesso ao processo.