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Após paraplegia em montanha russa, jovem briga na Justiça

Denny Cesare/Futura Press
Imagem: Denny Cesare/Futura Press

Renato Jakitas

Em São Paulo

09/05/2017 08h33

Além dos 300 funcionários, dos fornecedores e do proprietário, outro personagem tem perdido o sono, sobre o futuro incerto do Hopi Hari. O assistente administrativo Marcio Machado, 38, é protagonista de uma história até agora abafada pelo parque. Ele acusa um incidente em uma das atrações mais famosas do parque, a Montezum, a montanha russa de madeira, como causa de sua tetraplegia.

No dia 30 de novembro de 2014, ele chegou andando ao parque. Pagou R$ 16 a mais por um ingresso que dava direito a furar a fila de quase três horas da Montezum, entrando pela saída do brinquedo, e na primeira descida, conta que perdeu os sentidos.

"Escutei um estalo alto e não me lembro de mais nada", conta. Segundo o laudo médico, ele sofreu uma lesão na C5, vértebra logo abaixo da nuca, comprimindo a medula e tirando dele a sensibilidade do peito para baixo.

"Preciso de uma série de profissionais para não ficar na cama e virar alface. O último orçamento que fiz com os meus advogados girava em torno de R$ 10 mil por mês", conta Machado, que move um processo que corre em segredo de Justiça na Vara Cível da Comarca de Taboão da Serra. Na ação, ele solicita que o parque arque com o tratamento.

Oficialmente, o Hopi Hari não se manifesta sobre o assunto, alegando sigilo do processo. Extraoficialmente, a alegação é de Machado tinha o histórico de uma doença anterior e assumiu os riscos ao entrar na montanha russa. Ele é portador de espondilite anquilosante, uma doença inflamatória crônica, que ainda não tem cura e afeta as articulações do esqueleto.

Localizada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", umas das enfermeiras de plantão no parque relata que atendeu Machado. "Ele disse que sabia que não poderia ir", conta. Ele nega e afirma não se lembrar do que aconteceu depois de perder os sentidos. "Só tenho lembranças um mês depois, quando voltei do coma."

Perícia

O resultado de uma perícia solicitada pela Justiça e anexado ao processo no dia 3 de março aponta que o motivo da tetraplegia de Marcio Machado vem do efeito chicote do brinquedo e não tem relação com a doença preexistente.

Procurado, o reumatologista Percival Sampaio-Barros, da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Sírio-Libanês, diz que em mais de mil casos de espondilite nunca encontrou caso parecido. "A paraplegia não é uma evolução da espondilite. É preciso avaliar as condições clínicas do paciente", diz ele, ressalvando não poder opinar com profundidade por não conhecer o caso. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".