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O centro do 'fluxo' vira parque infantil

Alexandre Hisayasu

São Paulo

26/05/2017 08h52

O cruzamento da Rua Helvétia com a Alameda Dino Bueno foi ocupado mais uma vez. Agora, em vez de traficantes vendendo crack em barracas e protegidos por cerca de 800 usuários, são as crianças que brincam na rua sem se preocupar com a segurança. A Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar colocaram agentes nas esquinas e em viaturas que percorrem as ruas periodicamente.

O Estado esteve no local nos últimos dois dias. Por volta das 17 horas, as crianças chegam da escola e, antes de jantar com a família, brincam entre elas. A escolha quase recai sobre o futebol. Meninos e meninas correm atrás da bola, enquanto os pais ficam sentados na calçada.

A garota Sthéfany, de 11 anos, foi quem buscou a bola para a partida do fim de tarde de ontem. "Antes, não tinha espaço para a gente brincar."

A dona de casa Vanusa Lopes, de 29 anos, mora com os dois filhos em uma pensão da Rua Helvétia. Ela conta que as crianças ocuparam as ruas desde segunda-feira. "Antigamente, eu não conseguia enxergar o outro lado da rua, por causa do ‘fluxo’. Era muito barulho 24 horas por dia e tudo ficava escuro, porque quebravam as lâmpadas da rua. E o pior era o lixo acumulado, porque nem os garis entravam mais aqui", contou.

Para ela, a expectativa é de que a administração pública consiga manter a limpeza e a segurança da região. O principal receio é de que os traficantes e usuários retomem o espaço depois que a polícia for embora. "Agora tem viatura passando direto, tem limpeza e espaço para a s crianças brincarem. A gente espera que isso não acabe como das outras vezes", disse.

Um morador de uma pensão vizinha, que preferiu não se identificar, disse que todo mundo andava trancado dentro das casas, por causa do grande "fluxo" de usuários de drogas na rua. "Eu sou do tempo em que os ônibus passavam aqui. Com o tempo, os viciados tomaram conta e fecharam tudo. Não passava ônibus, caminhão de lixo e até ambulância chegava com muita dificuldade. Quero ver até quando isso vai durar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.