Governo paraense afasta 29 policiais envolvidos em chacina
Os policiais afirmam que cumpriam ordem judicial de prisão e de busca e apreensão de armas contra invasores da propriedade quando foram recebidos a tiros.
Segundo sobreviventes do grupo que ocupava a área, no entanto, os policiais já chegaram atirando. Eles prestaram depoimento sigiloso ao Ministério Público Estadual.
Peritos do Instituto Renato Chaves estiveram na fazenda e foram aos locais que eram ocupados pelo grupo. Segundo peritos, foram encontradas cápsulas deflagradas de projéteis calibre 380, que coincidem com o calibre de algumas armas que a polícia diz ter apreendido após o tiroteio. Eles também analisaram marcas de balas na vegetação do local.
A Ordem dos Advogados do Pará acusou os policiais de terem mexido no local do confronto, retirando os corpos antes da chegada dos peritos, o que prejudica as investigações.
O promotor militar Armando Brasil também criticou a atitude dos policiais. "Não podiam ter feito isso, deveriam ter esperado a perícia fazer seu trabalho, com as vítimas no local, para só depois haver a remoção", disse Brasil ao Estado. "Não posso aceitar que isso tenha acontecido. A cena dos crimes ficou inidônea, porque provas importantes podem ter desaparecido com a retirada dos corpos."
A Polícia Civil informou que tudo está sendo apurado, mas disse que não comentaria as acusações da OAB e de Brasil até que tudo fique esclarecido.
O corpo das dez vítimas foram enterrados ontem nas cidades de Redenção e Pau Darco.
Integrantes de movimentos sociais, de direitos humanos e sindicatos compareceram e prestaram solidariedade às famílias. A Polícia Federal foi acionada para garantir a integridade física de oito pessoas que teriam sobrevivido durante o tiroteio na propriedade rural.
A ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois, defendeu ontem que a investigação do massacre em Pau Darco seja controlada pelos órgãos públicos de Marabá, cidade a 426 quilômetros de distância que concentra delegacias especializadas em assassinatos no campo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Em entrevista ao Estado, ela demonstrou preocupação com a perícia do local da chacina. Os peritos de Marabá e Parauapebas só chegaram à área do crime depois que policiais do município tinham retirado os corpos. "Não podemos deixar que a coisa transcorra de qualquer maneira", afirmou a ministra. "A perícia tem de ser feita com muito empenho e dedicação."
Uma equipe do Ministério dos Direitos Humanos foi enviada ao Pará para acompanhar as primeiras informações e levantamentos sobre o massacre. "A situação é vexatória, constrangedora e inadmissível. Em pleno século XXI, essa situação não pode ocorrer", disse Luislinda Valois. "Como ministra, como cidadã e como ser humano não posso aceitar o que ocorreu. Ninguém pode aceitar", disse.
A ministra afirmou que confia no trabalho de juízes e procuradores na elucidação e punição de culpados. Ao comentar sobre a onda de violência no campo, Luislinda Valois disse que é preciso desencadear ações concretas em todos os níveis de governo.
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