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'Senti o luto, mas sem ter revolta', diz mãe

Clarissa Thomé e Fabiana Cambricoli

Rio e São Paulo

23/06/2017 08h46

Para a fonoaudióloga Érica Cavalcante de Lucena, de 36 anos, a dor de perder um filho só não foi mais intensa graças à atuação da equipe de cuidados paliativos do Hospital sírio-libanês.

Diagnosticado com uma doença congênita grave, Miguel morreu aos 6 meses, em novembro de 2015, após ficar três meses internado. "Eu tinha uma terapeuta ocupacional, uma psicóloga, uma enfermeira e uma médica. Senti o luto, mas sem ter uma revolta porque elas me fizeram ver que eu tinha feito de tudo para o meu filho. No caso, os cuidados paliativos serviram para preparar os familiares para a perda."

No Hospital Estadual da Criança (HEC) do Rio, o caso de uma paciente fez a equipe discutir mais a importância dos cuidados paliativos. Diagnosticada com meningite B aos 7 anos, Giovanna morreu 70 dias depois, após passar por dezenas de transfusões de sangue, cirurgias plásticas para enxerto de pele artificial (a infecção provocou feridas, que necrosaram) e ter braços e pernas amputados, em uma tentativa de salvá-la da infecção. "A gente se viu com a necessidade de cuidar além do físico. Havia ainda conflitos na equipe. Parte achava que não se deviam fazer esforços em reanimações, no prolongamento da vida", diz a intensivista Simone Gregory, de 46 anos.

O primeiro passo foi o apoio aos pais, que conseguiram autorização para ambos acompanharem a filha. "Todo mundo abraçou a gente, do médico à recepcionista", disse a veterinária Rosanne da Silva, de 36 anos, mãe da menina. "No começo do tratamento, recebemos informações que foram um choque. O primeiro ortopedista que falou em amputação, ainda no hospital particular, disse isso no corredor, com pessoas passando, de supetão. É importante esse cuidado que encontramos no hospital público. Pode falar tudo, mas com tato."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.