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Janot pede inquérito contra governador do RN e genro de Silvio Santos

O governador eleito do RN, Robinson Faria, ao tomar posse em janeiro de 2015, em Natal - Frankie Marcone/Futura Press
O governador eleito do RN, Robinson Faria, ao tomar posse em janeiro de 2015, em Natal Imagem: Frankie Marcone/Futura Press

Por Breno Pires e Rafael Moraes Moura

Em Brasília

05/07/2017 22h48

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) autorização para investigar o deputado Fábio Faria (PSD-RN), que é genro de Silvio Santos, casado com Patrícia Abravanel, e seu pai, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), com base na delação do Grupo J&F, que controla a empresa JBS.

O pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) se baseia na afirmação do delator Ricardo Saud, de que o grupo teria pago a pai e filho uma quantia somada de R$ 10 milhões durante as eleições de 2014. A PGR suspeita que os dois tenham cometido o crime de corrupção passiva e de caixa 2 eleitoral, recebendo "supostas doações não contabilizadas" em troca de contrapartidas ao grupo.

Segundo Ricardo Saud, em troca de R$ 10 milhões para as respectivas campanhas ao governo estadual e à Câmara dos Deputados, Robinson Faria e Fábio Faria teriam se comprometido a privatizar a Caern (Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte), dando conhecimento prévio do edital à empresa para que pudessem alterá-lo a seu favor, a fim de obter vantagens competitivas em detrimento ao mercado. O delator disse também que foi procurado várias vezes pelos dois, para pedirem financiamento para as disputas eleitorais em 2014.

Do total dos recursos, R$ 1.982.212,04 teria sido entregue diretamente pelo publicitário André Gustavo, a pedido do Grupo J&F, ao deputado federal Fabio Faria. O delator citou também um valor de R$ 957.054,56 obtidos junto ao Supermercado Boa Esperança, em Natal, que "foram entregues ao congressista no próprio estabelecimento comercial".

R$ 2 milhões teriam sido repassados ao diretório nacional do PSD, para utilização na campanha de Robinson Faria ao governo do Estado, com pagamentos em duas datas no mês de outubro de 2014. Outros R$ 2 milhões teriam sido pagos à EA Pereira Comunicação Estratégica, "por meio de nota fiscal avulsa", também à campanha do governador, assim como um valor de R$ 1,2 milhão pago ao escritório Erick Pereira Advogados "por meio de nota fria".

"Diante de tais constatações, faz-se mister o aprofundamento das apurações, de modo a se possibilitar a confirmação ou não do possível envolvimento e/ou ciência do congressista e do governador citado nos ilícitos relatados", disse o procurador Rodrigo Janot.

No pedido de abertura de investigação, datado de 29 de junho, Janot pediu que os dois sejam ouvidos na condição de investigados. A PGR também quer ouvir pessoas ligadas às empresas citadas pelos delatores. Outro pedido é para identificar quem é o André Gustavo citado.

O procurador também disse que não há conexão entre este caso e os demais que fazem parte do gabinete do ministro Edson Fachin, razão pela qual pediu a livre distribuição, por sorteio. O STF está de recesso judiciário durante julho, e uma decisão a respeito da abertura do inquérito só deve ser tomada em agosto. 

O deputado Fábio Faria em seu casamento com Patrícia Abravanel, em 29 de abril de 2017 - Imagem: Reprodução/Instagram - Imagem: Reprodução/Instagram
Deputado Fábio Faria em seu casamento com Patrícia Abravanel, em 29 de abril de 2017
Imagem: Imagem: Reprodução/Instagram