Janot diz que vai escrever dois livros; um deles, com bastidores das delações da JBS
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta segunda-feira (28) que irá lançar dois livros sobre seu período no cargo, inclusive com bastidores da delação da JBS, que levaram à denúncia do presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva. "Muitas das coisas que aconteceram a gente não pode veicular, e não foram veiculadas. Algumas eu poderei contar como memórias, outras terei que esperar um pouco mais para revelar.
"Acho que devo isso à sociedade brasileira, que quer conhecer um pouco do intestino de tudo isso. E tem outro projeto, que é de memória, mas sobre as opções que eu tomei nas investigações e as razões jurídicas e metajurídicas que me levaram tomar [decisões], por exemplo, no caso JBS", disse, em evento do jornal "O Globo".
Ele afirmou que a Lava Jato não deve ser uma investigação permanente, precisa ter um escopo fechado, e que já é possível visualizar "até onde a investigação pode ir, e se espera que vá". "A sociedade brasileira não pode ficar refém de uma investigação eterna", justificou.
Janot disse ainda que fatos levantados pela Lava Jato sempre podem gerar reações no Legislativo, no Judiciário e no Executivo.
"A partir do momento em que as investigações prosseguem, reações acontecem. Algumas iniciativas do Congresso geraram perplexidade, e uma delas foi a do abuso de autoridade. Estava em tramitação desde 2006, caminhava e parava conforme algum andamento mais marcante das ações. O preço da liberdade é a eterna vigilância", afirmou.
O procurador-geral disse também que foi muito desgastante oferecer denúncia contra Temer. "Nenhum ato do MPF seja perante Supremo, seja no Rio, em Curitiba, São Paulo, nenhum ato de investigação foi ato sem que não tivesse sido profissional e técnico. Membro do MP não tem interesse mórbido de processar alguém. Para a gente, isso é um desgaste. Ajuizar uma demanda contra o presidente da República desgasta qualquer cidadão. Ninguém quer ver o presidente da República do seu país ser processado penalmente. O que posso afirmar é que fazemos profissionalmente e tecnicamente o que temos que fazer. Se não fizermos é prevaricação".
Questionado por jornalistas, ele se disse "absolutamente favorável" à fixação de mandato para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), "talvez de 15 anos", mas a valer somente para quem ingressar no futuro. Seria uma maneira de renovar a corte, avaliou.
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