'Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação de mais honesto do País?'
Por suas acusações a Lula, o ex-ministro foi suspenso do PT pelo prazo de 60 dias, em decisão do Diretório Nacional do partido, e submetido a um processo disciplinar da legenda em Ribeirão Preto. Palocci foi ao ataque, com a carta de quatro páginas e assinatura de próprio punho.
O documento é endereçado à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Palocci desafia Lula. "Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do homem mais honesto do país enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos a Dona Marisa?", reagiu.
Palocci escreveu que "sabia o quanto seria difícil passar por tantos desafios políticos sem qualquer desvio ético".
"Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades", admite. "Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo."
No interrogatório a Moro, Palocci disse que Lula fechou um "pacto de sangue" com a Odebrecht - em troca da superpropina de R$ 300 milhões para o partido e para ele próprio, o então presidente teria propiciado facilidades para a empreiteira nos governos petistas.
Na carta, o ex-ministro disse. "Com o pleno emprego conquistado, com a aprovação do governo a níveis recordes, com o advento da riqueza (e da maldição) do pré-sal, com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, 'o cara' nas palavras de Barack Obama, dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem critica, do "tudo pode", do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a todos."
Palocci afirma ter presenciado "o desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história".
Na carta, Palocci afirma que recebeu "as notícias de abertura de procedimento ético em razão das declarações no interrogatório judicial ocorrido no último dia 6 de setembro de 2017". O ex-ministro enumerou sete respostas ao PT.
Em uma delas, afirmou estar "disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre as ilegalidades" que cometeu durante os governos do partido.
"Ressalto que minha principal motivação nesse momento é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos. Sob o ponto de vista político, estou bastante tranquilo em relação a minha decisão. Falar a verdade é sempre o melhor caminho. E, neste caso, não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula."
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