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Novo teste identifica vírus da zika e distingue os quatro sorotipos da dengue

Fábio de Castro

São Paulo

27/09/2017 16h15

Um grupo internacional de cientistas desenvolveu um novo teste capaz de identificar com rapidez o vírus da zika e os quatro sorotipos do vírus da dengue. O novo teste usa o chamado método imunocromatográfico: uma fita com anticorpos que muda de cor apenas quando entra em contato com uma amostra de sangue com proteínas dos vírus.

Segundo os autores da pesquisa, publicada nesta quarta-feira, 27, na prestigiada revista Science Translational Medicine, o novo teste não apresentou qualquer traço de um dos principais problemas dos exames sorológicos atualmente disponíveis: a reação cruzada, quando um teste confunde os diferentes vírus e leva ao diagnóstico errado.

O novo teste foi desenvolvido por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT, na sigla em inglês) e sua avaliação teve a contribuição de grupos de várias outras instituições de todo o mundo, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal de Sergipe, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), a Fiocruz e o Instituto Evandro Chagas.

De acordo com um dos autores do artigo, Maurício Lacerda Nogueira, da Famerp, além de rápido, barato e específico, o novo teste traz a vantagem de detectar as proteínas virais mesmo que elas estejam em baixa concentração.

"É um teste inédito. Até o momento não existia nenhum teste capaz de diferenciar a zika da dengue de forma específica e rápida. Também não havia testes para distinguir entre os quatro sorotipos da dengue. Essas análises só podiam ser feitas com precisão por métodos moleculares caros e demorados", disse Nogueira à reportagem.

Nos testes em laboratório, os custos de cada fita foram de aproximadamente US$ 5 (cerca de R$ 15), mas os pesquisadores acreditam que o preço deverá cair quando o produto for fabricado em escala industrial. Segundo Nogueira, o teste já foi avaliado em grande número de casos e já está pronto para produção. Os cientistas, no entanto, ainda não têm data para aprovação pelos órgãos regulatórios.

De acordo com Nogueira, o que permitiu o desenvolvimento de um teste capaz de distinguir os vírus com tanta precisão foi o uso de dois anticorpos diferentes no mesmo dispositivo. "São dois anticorpos distintos e altamente específicos. Isso demandou um longo tempo e um alto custo para ser realizado, mas os resultados foram excepcionais", declarou.

Nanopartículas

Nas fitas, há uma membrana revestida com um anticorpo anti-NS1 e nanopartículas de ouro conectadas a outro anticorpo anti-NS1 distinto. Quando a proteína viral NS1 fica "encurralada" entre os dois anticorpos, manchas avermelhadas aparecem na fita, caso a proteína do vírus estiver presente na amostra.

Para identificar esses pares de anticorpos específicos, os cientistas avaliaram 300 combinações para o vírus da zika e 726 combinações para os vírus da dengue. Depois, eles validaram o método utilizando amostras de pacientes com diagnóstico confirmado.