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PSDB 'se encolhe' com 'erros de seus líderes', diz Gustavo Franco

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco - Foto: Divulgação
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco Imagem: Foto: Divulgação

São Paulo

29/09/2017 12h19Atualizada em 29/09/2017 13h15

O economista Gustavo Franco, um dos formuladores do Plano Real, disse, sem citar nomes, que o PSDB "se encolhe diante de 'erros' de seus líderes" em carta na qual explica seu desligamento da legenda e a filiação ao Novo. A carta foi enviada ao Instituto Teotônio Vilela (ITV), centro de estudos e formulação política da sigla. O texto de Franco, que vai presidir a Fundação Novo, ligada à agremiação, também foi publicado em sua página do Facebook.

Na terça-feira, 26, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu afastar novamente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais líderes tucanos, do exercício das funções parlamentares e colocá-lo em recolhimento noturno.

A crítica aos "erros" de líderes tucanos vem logo em seguida ao comentário de que o partido "hesita" diante das ideias pró-mercado.

E o nosso partido, como organização, ou através de alguns de seus quadros, hesita diante dessas bandeiras ou mesmo as renega e, sobretudo e mais grave, se encolhe diante de 'erros' de seus líderes

Gustavo Franco

Segundo o economista, a decisão de sair do PSDB estava "praticamente tomada" desde 18 de junho, quando o também economista Paulo Faveret, integrante do conselho consultivo do ITV do Rio, anunciou sua desfiliação.

"Deixar o PSDB é uma decisão que, no meu caso, interrompe um vínculo de 28 anos (filiei-me em agosto de 1989), talvez por isso tenha sido contaminado pela hesitação, condição já crônica entre nós, infelizmente", afirmou Franco na carta.

O economista também disse que não pode deixar de compartilhar "o orgulho e a satisfação de ter participado de tudo o que participei como filiado e como servidor em cargo público em governos tucanos".

"Deixar o PSDB, contudo, de modo algum significa abdicar da paixão que me trouxe ao partido em 1989 - a prosperidade do País a partir de um 'choque de capitalismo' - e menos ainda a de afastar-me do legado do Plano Real, este extraordinário empreendimento de que resultou a reconstrução da moeda nacional e em devolver ao País o futuro que havia perdido."

Com "saudações tucanas", Franco terminou a carta dizendo esperar "que ainda possamos caminhar juntos no bom caminho no futuro".

"Despeço-me, portanto, sem queixas, esperando manter os vínculos e o cuidado com o patrimônio comum, apenas olhando para o futuro diante do qual todos somos responsáveis. Seja qual for o partido, nosso dever é com o que é certo, para começar. Sem o imperativo ético não dá para sair de casa pela manhã, quanto mais promover o crescimento e as reformas econômicas."

'Apelo'

Em agosto, em carta endereçada ao presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), Franco e outros economistas tucanos fizeram um "apelo" para que a sigla desembarcasse do governo Michel Temer e renovasse sua direção.

Na carta, Franco também falou sobre seu novo partido e disse que não tem "ambição nem interesse em concorrer a cargo público". Segundo ele, seu campo de atuação na sigla, na qual vai atuar como dirigente, será no "campo das ideias". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.