Moro insiste e Sírio Libanês volta a negar registro de compadre de Lula
A Lava Jato sustenta que o apartamento vizinho à residência do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, de número 121, no edifício Hill House, no valor de R$ 504 mil e o terreno onde seria sediado o Instituto Lula, em São Paulo - R$ 12 milhões - foram bancados pela Odebrecht como forma de propinas oriundas de contratos com a Petrobras. De acordo com os procuradores e os executivos da construtora a empresa DAG Engenharia e Glaucos da Costamarques foram utilizados para maquiar a titularidade dos imóveis.
A defesa do ex-presidente alega que Lula pagou pelo aluguel do apartamento e que não aceitou o imóvel para a sede do Instituto.
Já a Lava Jato afirma, em denúncia, que o presidente nunca pagou os aluguéis do imóvel vizinho à sua residência, no edifício Hill House.
Lula entregou recibos ao juiz Sérgio Moro do pagamento dos aluguéis. Dois comprovantes apresentam datas que não existem no calendário. Parte dos documentos ainda apresenta os mesmos erros de ortografia. O Ministério Público Federal abriu investigação sobre a autenticidade dos recibos.
Em depoimento, Glaucos afirmou que, quando esteve internado no hospital Sírio Libanês, entre novembro e dezembro de 2015, recebeu o advogado Roberto Teixeira - também réu nesta ação pelo suposto intermédio da compra dos imóveis em benefício de Lula - e, no dia seguinte, foi visitado pelo contador João Muniz Leite, quando assinou diversos recibos de pagamentos referentes a 2015 de uma vez só.
Intimado a entregar os recibos de visitas ao suposto laranja de Lula, o hospital comunicou ao juiz federal Sérgio Moro que houve três visitas do contador a Glaucos, porém, nenhuma do advogado do ex-presidente. Moro voltou a pedir, desta vez, quaisquer registros de entrada de Roberto Teixeira, mesmo que não tenham sido para eventual visita a Glaucos.
Nesta sexta-feira, 20, o hospital voltou a "esclarecer que não localizou registros de ingresso de Roberto Teixeira ocorridos durante o segundo semestre de 2015".
O Ministério Público Federal entregou relatório sobre quebra de sigilo telefônico, nesta quinta-feira, 19, em que constatou que, durante o período de internação, Glaucos falou 12 vezes com o compadre de Lula.
Defesa
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: "Pela 3ª vez o Hospital Sírio-Libanês derruba versão de Glaucos da Costamarques sobre os recibos. Glaucos disse em seu depoimento que o advogado Roberto Teixeira o teria encontrado no hospital no final de 2015 para tratar dos recibos. O hospital, no entanto, informa que Teixeira não esteve por lá. O ofício juntado hoje ao processo responde negativamente ao período que foi ampliado pelo juiz Moro: o advogado não esteve no local durante o segundo semestre de 2015. Possivelmente por já saber desse terceiro ofício, de 18 de outubro, a Lava Jato apresentou ontem uma nova versão dos fatos. A Lava Jato muda as versões para acusar o ex-Presidente Lula à medida em que vai sendo desmentida."
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