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Na CPMI da JBS, ex-presidente da Caixa admite pressão de Cunha

Ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Fontes Hereda  - RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Fontes Hereda Imagem: RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Renan Truffi

Brasília

25/10/2017 14h04

O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Hereda disse que foi pressionado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, em setembro de 2014, a acelerar uma operação da estatal que o peemedebista tinha interesse. Durante depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, Hereda contou que Cunha chegou a ameaçar convocá-lo para depor na CPI da Petrobras, como forma de pressão para que resolvesse a pendência.

"Encontrei Eduardo Cunha quatro vezes. Duas vezes em reuniões na Caixa, uma vez aqui (no Congresso Nacional) e uma vez na residência da Câmara dos Deputados. Eu fui pressionado no gabinete do então presidente da Câmara (Eduardo Cunha), que me ligou, entre agosto e setembro de 2014. Ele estava agoniado com uma operação da Caixa, que acho até que não saiu. E nós tínhamos uma operação com a Petrobras. Ele me disse que, se não saísse as outras, essa (da Petrobras) não ia sair. E que eu ia ser chamado na CPI da Petrobras", contou Hereda.

O ex-presidente também falou sobre as acusações que envolvem o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fábio Cleto, que era aliado de Cunha e assinou acordo de delação premiada. Hereda disse que não pode recusar a indicação de Cleto porque ele tinha currículo para o cargo. "Fabio Cleto era um cidadão com perfil (para ser vice-presidente). Não tinha como eu, como presidente, recusar, nem tinha essa força toda. Desde o primeiro dia que ele (Fábio Cleto) chegou, eu disse pra ele: 'não mexa na área de Fundo de Garantia'. Desde o primeiro dia, eu fiz o que pude para marcar essa atuação cuidando do que podia haver", explicou.

Geddel

O ex-presidente da Caixa negou ter qualquer conhecimento dos supostos ilícitos envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima, do governo Michel Temer, no banco. Em depoimento à CPMI, Hereda disse que não chegou a desconfiar de Geddel pelo "desinteresse dele".

"O Geddel era uma pessoa que trabalhava pouco. Ele chegava na Caixa na segunda-feira e ia embora na quarta-feira. Eu não imaginava que na área do Geddel pudesse ter acontecido algo, inclusive pelo desinteresse claro dele na área", argumentou Hereda.

O ex-presidente afirmou não acreditar em fraudes nas operações internas da Caixa. Para Hereda, se aconteceram ilícitos, eles foram feitos com base em chantagem para obtenção de propina. "O que pode ter acontecido é alguém ter sentado em cima de uma operação", contou.