'STF não está em crise, quem está em crise é o País', diz ministro Barroso em SP
Num momento em que vários políticos e personalidades do País são cotados para disputar as eleições gerais do ano que vem, Barroso disse que não tem em mente nenhum projeto eleitoral político. Ele frisou que também não tem pretensão de ser presidente do Supremo Tribunal Federal. "Mas não abro mão de pensar no País", disse.
O ministro se recusou a responder se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem processos na Justiça e quer ser candidato às eleições presidenciais de 2018, poderá disputar o pleito, mesmo se for condenado em segunda instância.
Na entrevista, Barroso disse que há cinco ministros na corte dispostos a enfrentar o pacto oligárquico no País. E para combater os privilégios dos parlamentares, no julgamento em que o foro privilegiado está no centro das atenções, citou que já há sete ministros dispostos a enfrentar essa benesse. "Desta forma, acho que estamos caminhando na direção correta", comentou, reiterando que no Brasil existia uma casta política que se sentia imune e impune.
Ao falar da corrupção que permeia o universo político brasileiro, Barroso avaliou que o problema está na cultura da desonestidade que se criou na arrecadação de recursos. Ele citou também que a eleição com um "debate público de qualidade deverá cicatrizar as feridas do impeachment". E disse que um País não pode viver só de discutir corrupção. Na sua avaliação, o Brasil poderá "bombar e entrar em um novo tempo", caso eleve seu padrão ético.
Censura
O ministro do STF destacou que tem horror à censura. "Ela é ridícula e foi assombração de minha juventude." E se disse defensor da TV Justiça, que mostra ao vivo os julgamentos da Suprema Corte. E ironizou que no imaginário brasileiro, por trás das portas fechadas dos gabinetes acontece "o tenebroso".
Fazendo coro ao governo Michel Temer, Barroso falou da necessidade de se aprovar uma reforma previdenciária no País, pois o projeto não é apenas ideológico, mas também aritmético. Além dessa reforma, ele defendeu na chamada agenda positiva a reforma política e medidas que contemplem educação, saneamento e segurança.
O ministro fez uma crítica ao empresariado, dizendo que ele deve aprender a viver a iniciativa privada: "O empresário brasileiro está viciado em subsídios e desonerações", afirmou.
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