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Alckmin fala em privatizar estatais 'petistas'

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) - Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) Imagem: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Adriana Ferraz

São Paulo

29/11/2017 09h50

Caso se consolide como candidato à Presidência da República pelo PSDB em 2018, o governador Geraldo Alckmin (SP) vai defender na campanha a privatização ou o encerramento das atividades de empresas federais criadas nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Em recentes discursos e falas como pré-candidato, o governador paulista criticou o que considera o inchaço da máquina e o baixo retorno para a população de empresas federais criadas no período de 2003 a 2016.

Esse contingente representa cerca de um terço das estatais federais - 56 das 149 empresas existentes. Alckmin, porém, não se compromete, pelo menos por enquanto, com a venda das principais empresas estatais, como o Banco do Brasil ou a Petrobras.

O tucano já indicou que ao menos três das "estatais petistas" devem fechar as portas, caso ele assuma o Planalto: a Empresa Brasil de Comunicação (EBC); a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás); e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

No caso da EBC, que controla a TV Brasil, o tucano afirma que não tem audiência nenhuma e, por isso, "tem de fechar". A EPL foi criada em 2012 para implementar o primeiro trem de alta velocidade do Brasil. A Hemobrás foi fundada em março de 2005 para produzir medicamentos para hemofílicos a preços mais baixos. "Um terço das estatais federais foi criada pelos governos do PT. A maioria delas deve ser privatizada. Não tem nenhuma razão para o Estado continuar tocando", afirmou Alckmin.

A lista na mira do tucano inclui também braços da Petrobras - como a Petrobras México, criada em 2005; a sucursal colombiana da Braspetro, existente desde 2003; e a Pré-Sal Petróleo S.A., de 2013; empresas transmissoras de energia, como a Uirapuru, de 2004; e a Fronteira Oeste, de 2013; e ainda empresas independentes de seguros ligadas a bancos, como Caixa Seguridade e Participações; entre outras. O levantamento já faz parte dos estudos do governador paulista de elaboração de uma plataforma eleitoral para o ano que vem.

A tese de Alckmin é de que empresas que dão prejuízo ou consomem recursos sem dar retorno à sociedade não têm razão de existir. Em documento do PSDB divulgado ontem, a redução do Estado e a adesão a privatizações são duas condições consideradas essenciais para o País.

Jaqueta

A aliados, Alckmin tem usado o mesmo discurso e afirmado que está mais maduro e que aprendeu com os erros de 2006, quando na tentativa de evitar a reeleição do então presidente Lula, chegou a vestir uma jaqueta com os slogans de algumas das principais empresas federais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Petrobras, para indicar que não iria privatizá-las caso eleito. Naquela campanha, Lula e o PT afirmaram que a vitória do tucano representaria a venda de todas as empresas citadas.

Na tentativa de se mostrar mais solto, tem feito até piada com o uso da jaqueta. "Privatização não é mais palavrão, não. Acho que amadureci mais, estou mais preparado, mas sem usar jaqueta", disse o tucano em evento na capital paulista na segunda-feira, 27.

Até se desincompatibilizar do cargo para disputar a eleição, em abril do ano que vem, Alckmin promete fazer a lição de casa: privatizar a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) após mais de dez anos de debates a respeito.

"O que for tarefa do Estado continua", disse. "Sou favorável a diminuir o tamanho do Estado. Temos cerca de 150 estatais, não faz sentido. Agora, para isso, precisamos de bom marco regulatório e agências de fiscalização despolitizadas. Privatização bem-feita é uma coisa boa, mas deve ser analisada caso a caso."

PT

Em nota, a assessoria do PT defendeu a criação da Empresa Brasil de Comunicação. "A EBC é produto de um projeto aprovado pelo Congresso Nacional com base no capítulo da Constituição que prevê a criação de um sistema de comunicação público, a exemplo da TV Cultura do Estado de São Paulo."

O ex-presidente do PT Rui Falcão criticou a proposta de privatizar as estatais. "Somos contra essa política de privatização. Começa-se falando que vai se privatizar a EBC e acaba na Petrobras, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.