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Marisa Monte e Arnaldo Antunes acusam Doria de uso ilegal de música

Roberta Pennafort

Rio, 29

29/11/2017 22h45

Os compositores Marisa Monte e Arnaldo Antunes repudiaram, em texto compartilhado em redes sociais nesta quarta-feira, 29, o uso não autorizado da música "Ainda bem", na voz de Marisa, pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). "Ainda bem" é ouvida num vídeo promocional compartilhado pelo prefeito em agosto para apresentar o resultado de obras da Prefeitura no Parque do Ibirapuera. Os autores da canção disseram que Doria se recusa desde então a apagar o vídeo de contas no Twitter e no YouTube.

A música serve de ambientação para o vídeo, que, afirmam Marisa e Arnaldo, foi feito para "promover as atividades do prefeito, suas parcerias institucionais e comerciais, inclusive citando nominalmente uma marca de artigos esportivos". Eles dizem que notificaram Doria quando tomaram conhecimento do vídeo, e que receberam uma resposta - negativa - só dois meses depois.

"Nós nos sentimos ultrajados e lesados em nosso direito patrimonial e moral, uma vez que, além de não termos sido sequer consultados, nunca permitimos o uso de nenhuma de nossas canções para fins políticos. Queremos deixar claro que a nossa motivação jamais foi financeira, e sim educativa. Enquanto autores e artistas, esperamos respeito à Lei de Direitos Autorais", afirmam os compositores no texto.

"Redigimos este comunicado para esclarecer ao nosso público que não concordamos com essa postura desrespeitosa e também para reafirmar a importância do cumprimento da legislação de direito autoral, principalmente por aqueles que, como autoridades e gestores públicos, independentemente do seu viés político, deveriam ser os primeiros a dar exemplo na sua aplicação."

Marisa e Arnaldo afirmam ainda que Doria argumentou que a música foi capturada de "forma espontânea" no ambiente das gravações. A dupla sugeriu então que os direitos autorais fossem pagos em favor da Sociedade Viva Cazuza, que atende crianças com Aids no Rio, mas não foram atendidos.

O Facebook e o Instagram atenderam à solicitação dos compositores de remover o conteúdo, mas o vídeo ainda pode ser assistido no Twitter e no Youtube.

A reportagem aguarda um posicionamento da prefeitura sobre o assunto.