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Polícia quer investigar prefeito que tentou comprar vaga de delegado para esposa

Bianca Soares de Oliveira e o prefeito de Urutaí estão na mira da polícia - Reprodução/Facebook
Bianca Soares de Oliveira e o prefeito de Urutaí estão na mira da polícia Imagem: Reprodução/Facebook

Julia Affonso

Em São Paulo

30/11/2017 09h28

A Polícia Civil de Goiás informou, em relatório da Operação "Porta Fechada", que vai pedir autorização ao TJ (Tribunal de Justiça) de Goiás para investigar o prefeito de Urutaí, Dr. Ailton (PR). Segundo o documento, o chefe do Executivo do município goiano, de três mil habitantes, confessou ter tentado comprar uma vaga de delegado para a mulher. A Polícia indiciou 30 investigados no caso.

"O cônjuge da candidata Bianca Soares de Oliveira, Ailton Martins de Oliveira, por ocupar o cargo de prefeito, detentor de foro privilegiado, não foi indiciado. Em virtude disso, oficiaremos o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás solicitando autorização para instauração de inquérito policial a fim de apurar a sua responsabilidade criminal", registrou a polícia.

De acordo com o documento, a mulher do prefeito também confessou que Dr. Ailton "comprou a vaga no concurso". Por um desentendimento, no entanto, ela "deixou de participar do esquema e não foi aprovada, apesar de parte do pagamento ter se consumado através da emissão de dois cheques".

À polícia, afirma o relatório, o prefeito apontou que um vendedor de vagas "lhe ofereceu a vaga no concurso de Delegado de Polícia pelo valor de R$ 250 mil, sendo que a metade desse valor deveria ser paga antes da prova e o restante após a aprovação". Dr Ailton, diz a polícia, deu dois cheques, um no valor de R$ 75 mil e outro de R$ 50 mil.

"Ocorre que Gabriel (indiciado por venda de vaga) solicitou a Ailton e Bianca que se encontrassem com a pessoa de Ronaldo no dia da prova objetiva para receber informações sobre a fraude. Na oportunidade, Ailton e Bianca se deslocaram até uma lanchonete em Goiânia, onde conheceram a pessoa de Ronaldo. Durante o encontro, Ronaldo disse à candidata Bianca para preencher apenas dez questões na folha de respostas e, em seguida, passou a exigir a emissão de outro cheque como garantia do restante do pagamento", afirma o relatório.

"Como tal exigência não estava previamente acordada, houve um desacordo entre as partes, motivo pelo qual Bianca não foi inserida na fraude e nem aprovada. Ailton e Bianca fizeram o reconhecimento fotográfico de Ronaldo Rabelo de Souza como sendo a pessoa com a qual se encontraram no dia da prova do concurso de Delegado de Polícia", diz o texto.

O relatório aponta que o prefeito declarou que, após a não aprovação de sua mulher, o vendedor de vagas "lhe ofereceu uma casa em garantia à restituição do valor pago". Segundo a polícia, o imóvel foi identificado. Os proprietários foram intimados e, de acordo com o documento, confessaram deram o bem a um vendedora de vagas "em pagamento à aprovação no Enem do seu filho" em 2016.

'Só coisas boas'

O secretário de Comunicação de Urutaí, que se identifica pelo nome de Anicelson, informou que não poderia passar o telefone e nem o e-mail do prefeito. Disse ainda que não caberia à sua "alçada" pedir um posicionamento sobre o caso ao prefeito.

"Eu só levo ao ar, à parte de Comunicação, só coisas boas. Eu não sei o que ele fez, o que que ele ia fazer, né? Isso é só com ele mesmo", afirmou o secretário municipal. "Isso é só com ele, isso é sigilo", insistiu.