Ciro Gomes diz que torce por Lula em julgamento e nega conspiração no Judiciário
Embora tenha dito que "é definitivamente constrangedor e inexplicável que nenhum quadro relevante do PSDB esteja preso apesar de fartas e robustas evidências de seu orgânico e ancestral envolvimento em corrupção", Gomes negou que haja uma conspiração política no poder Judiciário contra Lula.
O ex-ministro afirmou que não crê nessa possibilidade e acrescentou que imaginar algum tipo de complô "ofende a inteligência média do país". Disse ainda que "a consequência inevitável desta constatação teria desdobramentos tão graves que a um democrata e republicano só restaria a insurgência revolucionária".
Como argumento, ele lembrou que vários membros importantes do MDB estão presos, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves. Ressaltou também que o próprio presidente Michel Temer foi chamado pela Justiça a responder por supostos atos de corrupção, em referência às duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) que foram arquivadas em 2017 pela Câmara dos Deputados.
"O que quero dizer nesta hora crítica é que, apesar de seus graves problemas, a Justiça brasileira ainda deve merecer o respeito institucional da nação. O oposto é a baderna, a anarquia e, evidentemente, a violência", escreveu Gomes, acrescentando em seguida que espera que o tribunal compreenda "a transcendência de sua decisão".
O ex-ministro, que também foi ex-governador do Ceará e foi candidato a presidente em 1998 e 2002, tem se posicionado como um nome de centro-esquerda. Portanto, a participação ou não de Lula na disputa terá influência direta na sua campanha. Apesar de afirmar que acredita na inocência do petista, o ex-ministro tem feito algumas críticas ao ex-presidente, como ao fato de ele ter voltado a se aproximar de políticos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Gomes foi ministro da Integração Nacional no governo Lula e da Fazenda no governo Itamar Franco.
O petista será julgado em segunda instância na quarta-feira pelo caso do triplex de Guarujá. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na primeira instância, foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro. Se for condenado novamente, poderá perder o direito de disputar a eleição presidencial deste ano.
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