Carlos Madeiro

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Reportagem

Com racha na família Gomes, grupos escalam crise com ataques pessoais no CE

Os grupos políticos que sob influência dos irmãos Cid e Ciro Gomes escalaram a crise, subindo o tom dos ataques, com acusações até pessoais trocadas nos últimos dias. Os irmãos romperam em 2022 após Ciro intervir na escolha do PDT para nome do governo do estado.

A poucos meses da eleição municipal, a disputa gerou um rompimento absoluto do governo do estado — chefiado por Elmano de Freitas (PT) e com apoio do senador Cid Gomes (PSB) — com a Prefeitura de Fortaleza — comandada por Sarto (PDT), apoiado por Ciro Gomes (PDT).

O principal vocalizador dos atritos tem sido Ciro, que voltou a falar nesta quarta-feira (24) do rompimento com o irmão e de "toda dor" que sente, em entrevista à rádio Jangadeiro/Bandnews de Fortaleza.

Com toda dor, prefiro não comentar os equívocos do meu irmão, até porque tem uma faca espetada nas minhas costas. Quando olho para trás, vejo que quem está com a mão na faca é ele e o Camilo. Eles estão ferrando o Ceará, esse é o problema.
Ciro Gomes

Procurado, Cid não quis comentar a declaração e o acirramento de ânimo dos grupos. Principal alvo de Ciro hoje, o ministro Camilo Santana (Educação), líder do grupo encabeçado pelo PT, também não tem se manifestado sobre as falas de Ciro.

Em uma delas, no final de 2023, Ciro de uma só partiu para o ataque contra Camilo e Elmano e disse que, no Ceará, "não se realiza mais obra pública sem pagar propina". Foi processado pelo governo por isso.

Ciro Gomes
Ciro Gomes Imagem: Reprodução

Recentemente, o ex-governador fez uma declaração machista sobre Janaína Farias (PT), segunda suplente de Camilo e que assumiu no Senado. A petista disse que o processaria.

Quem está assumindo o Senado Federal hoje? Sabe qual é o serviço prestado para ir ao lugar de Virgílio Távora, de Tasso Jereissati, de Mauro Benevides, de Patrícia Saboya? Aí vai agora a assessora para assuntos de cama do Camilo Santana.
Ciro Gomes

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O PT estadual sai em defesa da senadora em exercício.

Isso demonstra claramente a dificuldade do sr. Ciro em aceitar mulheres no poder.. Isso têm se tornado marca do sr Ciro e uma das causas da sua crescente rejeição no eleitorado. O ex-candidato à Presidência, que ficou em quarto lugar, atrás inclusive de uma mulher, Simone Tebet, não aceita a igualdade na política.
Nota do PT do Ceará

Governantes se acusam

Com a escalada da tensão entre grupos liderados por PT e PDT, o prefeito Sarto também subiu o nível dos ataques na última terça-feira (23) e disse que o governo Elmano era "cúmplice" de assassinato, após um ex-funcionário matar uma pessoa dentro de um hospital municipal.

Atuação do governo Elmano na segurança pública tem sido alvo frequente de críticas de Sarto. O petista não costuma responder ao prefeito, mas diante da acusação de ser cúmplice, retrucou chamando o pedetista de "irresponsável".

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Disputa em Fortaleza como fundo

Sarto é a esperança do grupo liderado por Ciro de tentar manter o protagonismo no Ceará, após a derrota em 2022 de Roberto Claudio (PDT) ao governo do estado e a recente debandada de políticos do PDT para o PSB — entre eles os irmãos Cid e Ivo (caçula dos Gomes e prefeito de Sobral), 40 prefeitos e dezenas de vereadores e deputados.

A vitrine do PDT hoje no estado é a Prefeitura de Fortaleza — e seu maior adversário é o grupo de Cid.

De 2022 para cá existe uma briga entre o estado e a prefeitura, e já vimos alguns episódios [de farpas]. Eles alimentam essa disputa entre as máquinas [governamentais] calculadamente, pensando na eleição na capital.
Monalisa Torres, professora e socióloga da UECE (Universidade Estadual do Ceará)

Evandro Leitão, pré-candidato do PT em Fortaleza
Evandro Leitão, pré-candidato do PT em Fortaleza Imagem: Reprodução - X/@EvandroLeitao

O PT, após divergências internas com a ex-prefeita e atual deputada federal Luizianne Lins, definiu que vai lançar o presidente da Assembleia, Evandro Leitão, para a disputa em Fortaleza.

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Como Evandro, Sarto era presidente da Assembleia em 2020, quando conquistou a prefeitura com apoio dos irmãos Gomes.

A escolha de Evandro enfrentou resistência de uma ala mais antiga do PT, que o considera um "neopetista": muito ligado a Camilo, ele saiu do PDT no final de 2023 para ser o nome petista na disputa.

O ministro da Educação é visto hoje como o nome mais forte no estado — e a expectativa é que se torne o maior "puxador de votos" neste ano, tomando um lugar que era da família Ferreira Gomes.

Presidente Lula e Camilo Santana durante solenidade em Brasília
Presidente Lula e Camilo Santana durante solenidade em Brasília Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom

Nesse cenário, a professora Monalisa Torres acredita que Cid tenta se manter como peça importante no grupo — apesar de não ter força para definir candidatura na capital.

Para ter força dentro do grupo, Cid precisa demonstrar ser relevante, e ele está no esforço de costurar acordos com mais filiações ao PSB e candidaturas fortes em outros municípios.
Monalisa Torres, professora da UECE

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Um nome que deve ser consenso entre Camilo e Cid está em Sobral (berço dos Gomes): Izolda Cela (PSB), ex-governadora e pré-candidata para sucessão do prefeito Ivo Gomes (PDT).

Camilo Santana, Izolda Cela, Lula e Elmano de Freitas
Camilo Santana, Izolda Cela, Lula e Elmano de Freitas Imagem: Reprodiução/Twitter/@IzoldaCelaCe

Em Fortaleza, outros nomes desafiam os Gomes

Capitão Wagner (União Brasil) é outro nome forte que trabalha sua candidatura na capital cearense. Ele já foi candidato em 2016 e em 2020 e em ambas as eleições chegou ao segundo turno, com mais de 45% dos votos válidos.

Neste ano, porém, não terá o apoio de Jair Bolsonaro (PL). Aliados bolsonaristas reclamam de que ele não atuava publicamente em defesa do ex-presidente e o "escondeu" na campanha para governador em 2022.

O candidato bolsonarista será o deputado federal André Fernandes (PL) — também tido como competitivo. Ele lançou sua pré-candidatura no último dia 11 com a presença de Bolsonaro.

Reportagem

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