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'Tarado ni Você' e 'Baixo Augusta' mesclam festa e ato político

Marcela Paes

São Paulo

25/01/2018 21h09

Alguma coisaaaa acontece no meu coraçãoooo", gritavam abraçados três meninos cobertos de purpurina dos pés a cabeça. Eles e outras centenas de foliões entoaram versos de Sampa, de Caetano Veloso, durante o encontro dos blocos Tarado Ni Você e Acadêmicos do Baixo Augusta na tarde desta quinta-feira, na Praça da Sé, na região central de São Paulo.

Sem brigas e com poucas filas para banheiros, o evento pré-carnaval reuniu, segundo a organização, cerca de 5 mil pessoas. Além da homenagem ao aniversário de 464 anos de São Paulo, o esquenta teve ares políticos. Os dois grupos aproveitaram para reforçar o apoio ao Teatro Oficina e à criação de um parque no terreno ao lado da sede do teatro, no bairro do Bexiga, no centro.

"É ótima a oportunidade de estar numa praça tão emblemática como a da Sé, com gente que vem sempre aqui. Carnaval é um ato político também", afirmou o artista visual Carlos Morroy, que estava no bloco com um amigo.

Enquanto alguns participantes mostraram preocupação com possíveis furtos de celular, a maioria dos frequentadores estava tranquila. A produtora Marcela Fávero, que vai a desfiles do Tarado Ni Você e do Acadêmicos do Baixo Augusta desde há pelo menos três anos, levou o aparelho e outros pertences.

"Normalmente eu não trago, mas hoje não está tão cheio. A coisa fica mais complicada no carnaval mesmo', afirmou.

Segundo Alexandre Youssef, diretor do Acadêmicos do Baixo Augusta, os desfiles deste ano serão uma forma de "carnavalizar a política".

"O carnaval de rua de São Paulo tem uma veia ativista muito importante. Existe um discurso importante contra o proibicionismo e contra o conservadorismo que impede as manifestações culturais e democráticas. É uma oportunidade de levantar bandeiras contra o machismo, a homofobia e o conservadorismo", explicou