Topo

Em e-mail, ex-agente diz querer ser assessor do DER-PR para 'ajudar amigos'

Julia Affonso e Ricardo Brandt

22/02/2018 21h45

Um e-mail obtido pela Operação Integração, 48ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira, 22, em quebra de sigilo telemático, registrou uma conversa entre o ex-agente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER-PR) Gilson Beckert e seu filho. Na mensagem, de janeiro de 2013, o então assessor de planejamento do órgão paranaense disse a Paulo Garcez Beckert que havia recusado o cargo de diretor do DER.

Segundo Gilson Beckert, ele teria, como assessor, "mais espaço para trabalhar e ajudar amigos". O ex-agente atuou no DER entre janeiro de 2013 e junho de 2016.

"Boa noite, tentei falar com você pelo Skype mas não tive resposta. Hoje comecei a trabalhar no DER, recusei o cargo de Diretor, porque é uma bomba está com os serviços atrasados em um ano, tem 1200 km de projetos e obras para fazer até setembro do próximo ano, não é possível cumprir. Propus ficar como Assessor técnico do Diretor Geral, tem mesmo status de Diretor e mando mais por representar o DG. Acho que será melhor, terei mais espaço para trabalhar e ajudar meus amigos. BJS 1000 Pai", afirma o ex-agente no e-mail.

Segundo o Ministério Público Federal, em 11 de março de 2013, após Gilson Beckert assumir o cargo de assessor de planejamento no DER, seu filho Paulo Garcez Beckert fundou a empresa PGB Engenharia Eireli. A Operação Integração aponta que a empresa recebeu, entre 2013 e 2015, um total de R$ 712.822,59 das empresas Econorte e sua subsidiária Rio Tibagi. A PGB Engenharia funcionava, afirmam os investigadores, no endereço de Gilson Beckert e "nunca possuiu vínculos empregatícios".

Em depoimento, um servidor do DER/PR afirmou que "Gilson Beckert é a pessoa de confiança do diretor geral, tendo revisado alguns aditivos a pedido do diretor Nelson Leal Júnior".

A Integração investiga propina paga pela concessionária Econorte a agentes públicos do DER-PR, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e da Casa Civil do Governo do Estado. Os repasses teriam sido feitos pelos operadores financeiros Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran.

A Polícia Federal fez buscas no gabinete de um assessor da Casa Civil do governo Beto Richa (PSDB). O juiz federal Sérgio Moro mandou prender o agente do DER, do Paraná, Oscar Alberto da Silva Gayer, o diretor-geral do DER, Nelson Leal Júnior, o atual diretor-presidente da Econorte, Helio Ogama, o dirigente da empresa Rio Tibagi, Leonardo Guerra, o diretor financeiro da Triunfo Participações, Sandro Antônio de Lima, e o empresário Wellington de Melo Volpato.